Aliás, nossas comunicações sempre começam com: “Oi, MENINAS”... Desde o tempo em que, de fato, éramos meninas e a palavra, ainda, não era um eufemismo.
O fato, é que não tem como não sentir o calor de uma relação como a nossa. A música diz: “amigos para sempre”. No nosso caso, podemos completar, ainda, “amigas desde sempre”... O que, certamente, acrescenta muito mais valor à coisa toda...
É... é bem verdade, algumas de vocês eu conheci há pouco tempo (não menos de 20 anos... cara, não é possível!), mas algumas de vocês, conheci desde que me conheço. Pode? É... não dá pra ser infeliz assim...
A Regina (Macedo) disse, no jantar o que o pessoal de São Paulo estava admirado com a nossa amizade: “Nossa... Vai pra Curitiba só pra uma reunião de amigas?? Por aqui não tem disso...”. Mas acho que não é só em São Paulo que não tem disso, não, Re...
Acho, mesmo, que fomos premiadas e acho, ainda, que, se o fomos, é porque, certamente, o fizemos por merecer.
Merecemos o prêmio que é termos umas às outras.
Como alguém disse, acho que foi a Tana, no sábado, todas temos “integridade”, coisa rara, hoje em dia... Então, acredito, o prêmio é à integridade pessoal de cada uma de nós, individualmente.
Mas acho que não foi só isso que nos manteve unidas... Sei que sempre admiramos umas às outras e que nossa amizade sempre foi muito pura, nunca envolveu interesses.
De minha parte, posso falar... Sem mais nem menos, vocês sempre estiveram por ali! (nos momentos difíceis e também nos momentos bons)...
Lembro do cortejo fúnebre da minha mãe. De um lado eu tinha a Regina (Macedo) e do outro eu tinha a Estela. As outras, todas, estavam ou tinham estado por ali. Eram vocês ao meu lado!
Lembro também de quando, há menos de dois anos atrás, eu estava impedida de desenvolver meu trabalho porque minhas obras haviam sido seqüestradas e eu fiquei impossibilitada de obter o meu sustento e o da minha filha. De repente, do nada, aparecerem a Vera e o Fernando lá em casa, então improvisada em um barraco onde eu morava de favor, nos fundos de uma clínica de podologia. Eles me ofereciam trabalho. Mas... poderia eu precisar de alguma coisa mais importante, naquele momento? É... isso é amizade!!! Obrigada, meus queridos, serei eternamente grata a vocês...
Ainda vivendo esta mesma situação pessoal, lembro do meu aniversário de 50 anos... Ao lado de vocês, a data não foi esquecida... Comemoramos juntas... comendo “foundie”, lembram?
Lembro, ainda, que comemorando a passagem no vestibular na UFP de nossas filhas estávamos a Vera e eu, lá no Centro Politécnico.
Aliás, vamos falar... Se não tivéssemos estado juntas nos bons e maus momentos, já estaria de bom tamanho termos estado juntas em nossos famosos “lanches”. Como disse minha filha pro Bernardo, sobrinho da Estela, outro dia, quando ele disse que nós éramos amigas do “lanche”: “Lanche? Que lanche?” ela retrucou... “Aquilo é uma bagunça...”, querendo dizer que, na verdade, somos amigas é de farra...
É... é verdade... sempre foi muito bom... Muita alegria, especialmente... muita bobagem, muita conversa jogada fora, muitas amenidades, muitas confidências loucas... muita, mas muita risada... muita, mas muita gargalhada, mesmo... e muito vinho (que sempre é a Estela quem escolhe, pois, afinal, né... é ela a “expert”).
Mas como resistiríamos se não tivéssemos um pouco de pimenta em nossas vidas?
É... Muitos amores passam, mas as amizades...
Se optássemos por fazer um jogo de futebol de areia entre idos e momentâneos, íamos formar dois times completos, com reservas e tudo, e, ainda, no jogo não ia faltar juiz e nem bandeirinhas... Credo!!!
Aliás, tem muito mais marido e ex-marido aí do que filho... Sinal dos tempos! Nos filhos, fomos modestas... (tô falando em quantidade, claro... na qualidade, vamos combinar: exageramos)...
É... acho que não podemos deixar de ressaltar os filhos maravilhosos que colocamos no mundo, criamos, sustentamos e educamos. Alguns deles, eventualmente, longe dos pais (os homens), mas todos, necessáriamente, sempre, perto das mães (nós, as mulheres). Estas criaturas lindas de quem tanto temos orgulho souberam responder muito bem a nossos esforços, carinho e dedicação...
No máximo, tivemos dois filhos cada uma (a Vanda, com suas meninas, a Mariana e a Carol; a Estela com seus meninos, O João e o Léo; a Regina Macedo com seu casalzinho, a Lelé e o Gui (um de cada marido, diga-se de passagem!); a Vera, com o seu, o Felipe e a Fernanda). A Tana teve só o Luiz Guilherme e eu tive só a Paola. (engraçado, né... tivemos 5 meninas e 5 meninos...) Isto tudo sem considerar aquelas mais resolvidas que optaram por não ter filhos, como a Regina (comadre) e a Tania.
É... se considerarmos a quantidade de filhos, não dá um time de futebol. Tá, então, vamos considerar os descendentes, pois se acrescentarmos a Jaqueline, netinha da Regina, agora, sim, deu um time de futebol de campo completo. Perfeito...
Cara, olha só estes times todos aí pra trás... Já imaginaram quanta fofoca não geraram? Quanto causo... Quanta dor de cabeça... Quanto problema... Quanta alegria... Quanta solução??? É muita gente, cara... E ainda, todos estes anos??? É muito ano, meninas... Somente olhando desta perspectiva, a perspectiva da duração da nossa amizade, consigo considerar bom tanto ano junto. Se não por isso, cortava este tempo todo pela metade (he, he)...
Quero aqui poder lembrar:
Da Tana (a Alexandra), minha amiguinha do pré-primário... Éramos muito tímidas... Ambas, muito tímidas quando crianças... Tínhamos 5 anos de idade, então. Foi muito natural nossa amizade. Ela não era só minha amiga. Ela era minha melhor amiga... minha única amiguinha de todo o primário... Ela era uma menininha linda de olhos verdes e cabelinhos loiros. Usava os cabelos repartidos na parte de cima da cabeça e esta parte superior dos cabelos era presa em um rabinho de cavalo bem no topo. O rabinho de cavalo ficava espetadinho pra cima, deixando o resto do cabelo, lisinho e curtinho, cair pra baixo... tipo a “Pedrita dos Flintstones” (só que no caso dela, a Dona Wlasda colocava fitas coloridas no lugar do osso...). E que fitas!!!
Quero aqui poder lembrar:
Da Vanda, que eu conheci como a irmã da Tana... Ela era muito mais velha (um ano!!!, imagine...)... Além de tudo... ela era muito mais dona de si! Sempre foi poderosa!!! Nada de timidez, como eu ou a irmã dela. A Vanda... sempre esteve no comando!!! (aliás, ela continuou no comando a vida toda...) No ginásio só me lembro dela nas quadras de vôlei... Estava em todos os jogos... A desportista Vanda... sempre jogando muito bem!!! Não dava!!! Nos campeonatos do colégio, a turma da Vanda levava todas!!! E eu não pertencia à turma dela, então, ela era a inimiga... Quem diria...
Eu freqüentava a casa da Vanda e da Tana. Era uma casa verde musgo muito moderna. Pra mim, à época, a casa lembrava um navio (era bem escura e tinha duas janelinhas redondas, então, acho que me lembravam uma escotilha, ou qualquer coisa assim). Ficava em frente ao “Restaurante Escavolo”, na pracinha do Batel. Já na entrada tinha um espelhão enorme que me impressionava. Na sala tinha um maravilhoso sofá capitoné de canto (acho que era de veludo verde) e na cozinha tinha até um elevadorzinho que comunicava com o andar de cima... Era muito chique aquela casa...
E a gente também fazia ballet juntas. Na sociedade Thalia... Altas apresentações na Reitoria e no Guaíra... ainda pequeno auditório. Lembro do algodão... Quando usávamos as sapatilhas de ponta, colocávamos algodão pra proteger os pés. O algodão da Tana e da Vanda era diferente... Era natural, não industrializado, eu acho, mais amarelo... Sempre pensava: "acho que vem direto de Nova Esperança!!!"
Quero ainda lembrar:
Da Regina Macedo, que eu conheci logo que a Paola nasceu, quase vinte e dois anos atrás. Ela também fazia ballet no Thalia, mas minha lembrança dela, nesta época, é muito remota...
Na verdade, temos filhas da mesma idade. A Lelé é exatos vinte dias mais velha do que a minha menina. Escolhemos, por acaso, a mesma escola pra colocar as bebês... a que considerávamos a melhor: A “Roda do Tempo”. Trabalhávamos muito... tínhamos que ter uma boa escola!!! Era uma escola carézima... mas como amenizar nossos sentimentos de culpa ao ter que deixar nossas filhas e ir trabalhar?
Começamos a nos freqüentar... Trocar idéias sobre as crianças e logo já éramos melhores amigas... A Regina tinha sido vizinha da Vanda e da Tana, na pracinha do Batel. Eram amigas de infância... Foi por esta época que a Vanda voltou do Recife, e começou a promover lanches com a sua turma de criança/juventude... (a Vanda, sempre no comando)... E foi aí que a Regina me convidou pra fazer parte de um lanche... depois de outro... E eu estou em todos (com raras exceções), desde então. Obrigada, Regininha...
Não demorou muito, nos separamos de nossos maridos, tanto eu quanto a Regina. Tínhamos muito em comum: mesma idade, muito trabalho, filha pequena, falta de marido... Estávamos sempre uma na casa da outra... Às vezes, uma com a filha da outra... Separamos dos nossos respectivos maridos, mas nós continuávamos juntas... Daí, veio o Glauco, o segundo marido da Re. Quando ele ainda não me conhecia, lembro, eu ficava escondida vendo ele ir pegar a Alexandra (a Lelé), no Colégio (agora já o Sion, pois as meninas haviam crescido)... Será que este cara aí vai cuidar direito da menininha? E cuidava... meu... cuidava muito!!! Depois, no dia casamento, foi com muito orgulho que participei como testemunha...
Quero me lembrar:
Da Vera Fausto, que conhecia de relance da faculdade, mas que só vim a conhecer, de verdade, nos lanches das “meninas”. Ela é uma das que cresceu junto com as outras, em frente à Pracinha do Escavolo. Engraçado, né... Vera Fausto... Dificilmente dizemos Vera Linhares de Almeida... Usamos o nome de solteira, como Alexandra e Vanda Pirih, e Regina Macedo... Enfim, a Vera é dez... Não dá pra acreditar numa pessoa como a Vera... Faz tudo por todos, então, não tem tempo pra nada...
Quero lembrar:
Da Tania, que é a última das amigas de infância que morava perto da pracinha do Batel, e que também estudava no Sion... A Tania é a certinha... Sempre tão arrumada, tão linda, tão elegante!!! E super cuidada, também. Mil academias, mil cremes, mil roupas... Sempre admirei muito ela por isso. Ela é, também, sempre, a mais comportada... Até que ela tome a segunda taça de frisante... a partir daí, ela se solta e lá vem bobagem...
E ainda:
Falando em capacidade profissional, claro, não podemos esquecer da nossa industrial do ramo de auto-peças, a Regina (comadre). Comadre da Vanda, na verdade, mas acabou ficando “comadre” pra todas nós... Linda, maravilhosa... Sempre alegre, bem disposta, divertida... Também adepta de academias, corridas e exercícios...
And last but not least:
Quero lembrar da Estela, também trazida, inicialmente, ao grupo pela “comandante”. É... da Estela fica difícil lembrar sem lembrar do Silvio... Aliás... a Estela é Joucowski... Grandes companheiros, esses dois... Muitas viagens, passeios, acampamentos... sempre juntinhos. Até na ciclovia, muitas vezes, os encontro caminhando, de mãos dadas, agora que ambos estão aposentados... Uma linda relação que nos faz acreditar que o amor é lindo... A única dentre todas as relações que tivemos que se manteve incólume ao longo de todo o tempo... A única que superou, em longevidade e estabilidade, a nossa amizade. É... também, né Estela, grandes méritos... um maridinho que faz uma paella daquela pras amigas, tem que cuidar muito bem, mesmo... Não faz mais que a obrigação...
É, amigas, nós temos a força... Somos todas poderosas mulheres de 50 (e poucos)...
Mulheres típicas de nossa geração: independentes, inteligentes, dedicadas, batalhadoras... profissionais bem sucedidas, cada uma na sua área... companheiras, mães, filhas, amigas... É o que nós somos...
Não admira que, exercendo tantas funções, e de forma tão competente, sejamos um tanto quanto que estressadas!!!
E se chegamos até aqui íntegras, como acho que foi a Tana quem disse, foi, também, porque pudemos contar umas com as outras. Porque sempre tivemos uma ou outra ao nosso lado e, portanto, porque sabemos que nunca estaremos sozinhas.
É... eu tenho muito orgulho e fico imensamente feliz por fazer parte deste time de
MULHERES SUPERPODEROSAS... (HE, HE)...