"Escrever foi a maneira que encontrei para, palavra por palavra (verbo ad verbum), depurar minhas idéias. É um ato quase inconsciente, necessário, obrigatório... uma terapia!!!

A divulgação do escrito tem a intenção de ir além, ainda, nesta, que não deixa de ser, busca inquietante e incessante do crescimento pessoal."
Vera Regina da Cruz

31 de dez. de 2007

A ESCRITA

"aconchego"

Pois é, Nize, prima querida... Fiquei animadíssima com a idéia de você escrever também... O Marshal é, sim, certamente, uma pessoa muito cara, pra mim, especialmente por me ter mostrado este caminho...

Tenho certas crenças, sabe... uma delas é a de que pessoas resolvidas fazem um mundo melhor. Como acredito que a escrita ajuda a resolver as pessoas, então... é com muita alegria que vejo você entrando por aí... Vai fundo... É isso mesmo!!! Não tenha medo! Abra o peito!!!

“Escrever por escrever” (adorei o título)... É bem como você disse mesmo: "escrever sem o compromisso de acertar ou errar, sem o compromisso de agradar alguém (só a gente mesmo), só o compromisso de ser fiel e verdadeira com você mesma, com suas verdades, suas certezas, suas perspectivas, sua vivência, sua experiência".

Como eu já disse, escrevo sobre qualquer coisa... Escrevo sobre minhas recordações de infância, da juventude... da vida toda... Escrevo sobre minhas experiências, qualquer fato que me toque... Escrevo sobre minhas expectativas, anseios, vontades... Sobre minhas carências e inquietações... Aproveito e tiro todos os bichos pra fora... limpo a alma!!!

Mas, acredito, escrevo, especialmente, sobre aquilo que penso a respeito das coisas... Escrevo o meu inconformismo perante o pré-estabelecido, o tido como certo... Acho que é o que mais me incomoda: a simples aceitação de conceitos pré-estabelecidos... E é o que incomoda que é urgente...

É sobre o que lhe incomoda que você também vai falar, tenho certeza... Não, não se preocupe... este "incomodar" nem sempre é uma coisa negativa... Muitas vezes são coisas legais que estão ali, cutucando, só pra serem desvendadas... Já me disseram, até, que minha visão da coisa (a vida) é otimista. O que eu acho 10!
Outro dia um amigo, o Leon, me perguntou: "Mas você raciocina sobre o tema antes de escrever?"... "Não... não é assim que funciona...: Eu sinto... depois eu começo a escrever... e no escrever... eu concluo." É mais ou menos assim que funciona.

Depois, além do tema que você escolhe pra discursar (aliás, não é você quem escolhe o tema... é o tema que escolhe você), com o tempo, você vai observando que sua escrita tem certas características, uma forma só sua de escrever... tipo: “estilo”.

Acho que, agora, já posso falar alguma coisa sobre isso (metida, eu, hein?).

Sei que, por exemplo, como você notou, sou muito detalhista... Coisa de formação (a arquitetura) e de genética, também (os Cruz), como você também disse... Mas acho, especialmente, que é coisa de obsessivo-compulsivo, mesmo (transtorno que eu já cheguei a tratar com psicanálise e que, hoje, procuro só deixar vir à tona quando ele me ajuda...).

Uso muito o detalhe porque me coloco na posição de quem está lendo e quero que a pessoa sinta exatamente o que eu estou sentindo. Se detalho é porque cada uma daquelas coisinhas tem sua importância, pra mim, então... dá-lhe detalhe... Às vezes somente descubro que aquele dadozinho teve importância pra mim depois que o descrevi... Claro, fico com receio de ser cansativa... Mas... a vida nos ensina: “cada escolha nos leva a uma renúncia”, então... fazer o quê? Opto pelo lado que me explica, não pelo que torna a leitura mais sucinta...

Às vezes, fico com inveja destes escritores novos, os minimalistas, que conseguem dizer tanto com tão pouco. Como eles conseguem? Pra mim é impossível... Mas daí, também, me lembro de clássicos como Machado de Assis, por exemplo, e fico mais tranqüila (sem querer comparar, óbvio, mas, como considero muito válido seguir bons exemplos - em tudo - então...)...

Já me disseram, também, que minha escrita é cheia de “pontos e vírgulas”... É... sei lá... Talvez goste de música e acho que a pontuação ajuda na entonação! (ou será que o desenho das pontuações me lembram notas musicais... uma partitura?). Então... Ah... sei lá... Mas, a entonação, eu acho super importante, mesmo... Releio o que escrevo. Se não soar legal, mudo a palavra, por mais que ela esteja compreensível... Posso, eventualmente, mudar uma frase inteira. Dizê-la de outra forma... Ela tem que ser sonora, além de compreensível... Tem que soar bem, ser agradável aos ouvidos!!! Ainda bem que a nossa língua tem muitas palavras pra dizer a mesma coisa, não é? E muitas formas de fazê-lo, também...

Reler, aliás, é fundamental! Quando você escreve sai tudo muito rápido. Você esquece de pontuar, come letras, repete palavras, mata a conjugação, erra a acentuação, a concordância vai pro brejo... enfim... um horror. Quando você lê o que escreveu, muitas vezes, nem você entende. Afinal... você não está falando. Você está escrevendo! A pessoa não está vendo você... não percebe nada da sua expressão, do seu sentimento. Não é tão fácil! Você tem que conseguir passar muito mais do que simples palavras! Você tem que conseguir passar a emoção!

Lembro de minhas aulas de redação, na "Aliança Francesa", com o meu querido professor, M.Delos. Nossa... relíamos um monte! Substituíamos palavras, trocávamos frases inteiras, eliminávamos todo um raciocíonio... Tudo pelo bem da compreensão... No escrever o primordial é se fazer entender! Óbvio, né... mas nem sempre é o que acontece...

Tem outra coisa: depois que você escreveu, assim de supetão (acredita que, de supetão, escrevi "supetão" com "u". E... conferi. É!), muitas vêzes você relê e vê que não era exatamente aquilo que você queria ter dito, ou percebe (descobre) que aquela não é exatamente a sua verdade. Ou ainda... percebe que aquilo que você escreveu é bobagem a verdade é outra... Indo e voltando... Então você muda!!!, ou complementa...

A composição (estética) do texto eu tenho que achar legal também... Coisa de arquiteto, daí... Tem que ter equilíbrio visual... Dou uma olhada geral, assim, meio que desfocando o olhar. É isso mesmo! Só pra ver se o visual tá legal. Credo!!! Talvez, aqui... um parágrafo! Começar em outra linha... mais adiante! Esta frase está muito comprida! Preciso destacar alguma coisa neste trecho!... Nossa! Não é tanta função assim, não. Só parece!

Descobri, outro dia, que gosto quando uso, em seguida, uma mesma palavra com dois significados diferentes. Percebi sem querer, observando letras de músicas, que outras pessoas também usam este artifício... Tipo, quando a Marisa Monte canta: "Se você não passa no morro... eu quase morro!!!... eu quase morro!!!" - tenho certeza, aliás, que este joguinho de palavras é do Arnaldo Antunes... só ele pra brincar desse jeito - ... Costumava substituir uma das vezes que usava a palavra repetida, pra não confundir, mas percebi, mais tarde, que esta sequência faz um "trick" legal! Eu gosto... acho divertido, agradável!!! Não vou mais substituir quando acontecer. Quando usar na sequência duas vêzes a mesma palavra com o mesmo significado, sim... vou continuar substituindo, em prol da sonoridade do texto. Mas, quando as palavras seguidas tiverem significados diferentes, acho que vou experimentar manter. É o que devo tentar fazer.

Depois... você comentou das palavras difíceis que eu uso e que você tem que ler com o dicionário do lado... Não... na hora de escrever, esqueça o dicionário! Liberdade! (mais ou menos verdade, isso... às vêzes eu confiro, no dicionário, o sentido ou até a forma de escrever de uma palavra que já me veio à mente). Você vai ver que as palavras fluem... Vem palavra que nem você sabia que sabia... Como já disse, de repente, só ela (aquela palavra) cumpre exatamente o que se quer dizer e ela tem que ser usada... sai do âmago. É o preciosismo da escrita. Certas palavras são insubstituíveis...

Aliás, gosto muito, na escrita, da informalidade... De usar o coloquial... Acho que aproxima... Gosto! Não... não só gosto... Não saberia fazer diferente! (Engraçado... me dei conta, agora, que minha filha, muitas vezes, reclama de minha formalidade ao falar... Será? Estranho...).

Também não me importo de parecer esnobe usando, de vez em quando, palavrinhas em francês ou inglês... E daí??? Tô escrevendo pra mim, mesmo!!! Que pensem o que quiserem! Pra mim, naquele momento, só uma outra língua supria aquela necessidade específica de comunicação. Ou então... foi aquela palavra que me veio primeiro à mente. E eu respeito isso... Só por pudor, não vou substituir. Depois, se não tenho vergonha daquilo que não sei... Por que continuaria tendo daquilo que sei? Deixei as frescuras de lado...

Aliás, a espontaneidade, em tudo, é muito gratificante! Deixa rolar...

E tem mais... Descobri que certas regrinhas do Português me incomodam. Não as cumpro. Tipo:

- Nem sempre, depois de reticências, por exemplo, eu uso letras maiúsculas. Estou continuando um raciocínio, então... letra minúscula! Não era pra ter usado reticências, era pra ter usado vírgula. Dane-se! Gosto mais de reticências, ali (o intervalo fica maior com as reticências de que com a vírgula - e ali, eu preciso deste intervalo maior - um "slow down" - mas o raciocínio é o mesmo).

- Algumas vêzes sinto necessidade de usar dois tipos de pontuação, lado a lado. Uso!!! Mas,confesso que ainda acho esquisito. Vou ver se corrijo isso. Só não vou fazê-lo enquanto continuar a sentir a necessidade!

- Parágrafo??? nem pensar! Não gosto... Acho anti-estético. Aprendi nas minhas aulas de "typing" nos Estados Unidos que se deve pular a linha e não ficar dando um espaço maior no início de cada raciocínio. É o que faço... acho muito mais bonito e claro!!!

Bom... Todos estes cuidados eu considero importantes, na minha maneira de escrever. Acho que somente desta forma, o texto fica legal... com cuidado. Mas mesmo assim, tem algo de contraditório, aí... não se pode deixar de valorizar a espontaneidade... Tem que dosar bem o "cuidado" e a "espontaneidade" e não deixar um ferir ao outro. Tem que ser na medida!


Falo tudo isso, só pra você saber um pouquinho da minha forma de escrever. Tenho certeza que, daqui a um tempo, será você quem vai me mostar a sua... Mas não se preocupe, de cara, eu não sabia de nada disso... Só o tempo me fez perceber estas "certas" características na minha escrita e, ainda... eu não me obrigo a seguir nenhuma delas como regra... É tudo muito natural! São características não são regras!

Bem, Nize... Adorei estas frases que você escreveu e vou ter que colocá-las no blog não só pra me exibir, claro, alimentar meu ego, mas, também, pra que eu as deixe guardadas em um lugar seguro e não as esqueça, nunca:

“Estou muito feliz de conhecer esta nova mulher... meio menina, muito terna, suave, delicada, que fala manso, baixinho, às vezês sussurrando... que você nos presenteie sempre com estas leituras cheias de verdades, de autenticidade, de amor, de pureza, de belezas e que só nos enriquecem...”

Coisa de poetisa, mesmo, hein... o texto! Eu amei!!!

Obrigada, Nizinha...

MEUS PENSAMENTOS...

  • Felicidade é ficar sem ar no museu de Van Gogh e, ainda assim, vibrar com o Clube Atlético Paranaense!

PENSAMENTOS ALHEIOS...

  • "Com o tempo você percebe que pra ser feliz com outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela" - Mário Quintana
  • "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" - Chico Xavier
  • "A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las" - Aristóteles
  • "Há tantos burros mandando em homens de inteligência que às vêzes fico pensando que "Burrice" é uma ciência". - Rui Barbosa
  • "Finge-te de idiota e terás o céu e a terra". - Nelson Rodrigues
  • "Somente o bravo mostra suas fraquezas". - desconhecido
  • "Com o conhecimento nossas dúvidas aumentam". - Goethe
  • "A vida se contrai e se expande proporcionalmente à coragem do indivíduo". - Anais Anin
  • "Uma pessoa permanece jovem na medida em que ainda é capaz de aprender, adquirir novos hábitos e tolerar contradições." - desconhecido
  • "Aquele que aprende mas não pensa está perdido; aquele que pensa mas não aprende está em grande perigo". - Platão
  • "Pessoas normais falam sobre coisas; pessoas inteligentes falam sobre idéias; pessoas mesquinhas falam sobre pessoas". - Platão
  • "O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros". - Confúcio
  • "Felicidade é comer jabuticaba no pé". - Flávio Gikovate
  • "Pra ser feliz com outra pessoa você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela". - Mário Quintana
  • "O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética.O que mais preocupa é o silêncio dos bons!" - Martin Luther King
  • "Nenhuma mente que se abre para uma nova idéia voltará a ter o tamanho original." - Albert Einstein
  • "O amor é como o mercúrio. Deixe a mão aberta e ele permanecerá. Agarre firme e ele escapará." - Dorothy Parker, escritora
  • "Há dois tipos de pessoas: as que fazem as coisas e as que ficam com os louros. Procure ficar no primeiro grupo. Há menos competição lá." Indira Gandhi, estadista
  • Você não pode escolher como vai morrer. Mas pode decidir como vai viver agora." - Joan Baez, cantora
  • "A vida que não passamos em revista, sem reflexão, não vale a pena ser vivida." - Sócrates
  • "O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância. Todo o saber consiste em saber que nada sei." - Sócrates
  • "Pedras no caminho? Guardo todas. Um dia vou construir um castelo...". - Fernando Pessoa
  • "Se um problema é grande demais... não pense nele. Se ele for pequeno demais... pra quê pensar nele? - ditado tibetano
  • "Um dia, mais modestos, os homens vão compreender como tudo é frágil e transitório e juntos, vão construir um caminho melhor." - Oscar Niemeyer