"Escrever foi a maneira que encontrei para, palavra por palavra (verbo ad verbum), depurar minhas idéias. É um ato quase inconsciente, necessário, obrigatório... uma terapia!!!

A divulgação do escrito tem a intenção de ir além, ainda, nesta, que não deixa de ser, busca inquietante e incessante do crescimento pessoal."
Vera Regina da Cruz

1 de mai. de 2009

UM ARQUITETO EM BRASÍLIA

ou seria: "Brasília e eu" ?

Aproveitei um final de semana desses, prolongado, e fui visitar minha filha que está morando em Brasília. Somente havia estado na cidade uma única vez, há muito tempo. Na verdade, éramos adolescentes (Brasília e eu) quando nos conhecemos. Não era eu, ainda, nem estudante de arquitetura, mas, já apaixonada pela matéria, Brasília foi, certamente, um prato e tanto...
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Meu primeiro encontro com Brasília foi, na verdade, uma rápida passagem pela cidade, antes de eu embarcar para fazer intercâmbio. Naquele tempo, fazer intercâmbio era algo de tão raro que estudantes de todas as regiões do país se reuniam na capital federal e era fretado um avião para que fizessem a viagem (no nosso caso, foi fretado um avião da "British", e lembro que os meninos quase enlouqueceram as aeromoças inglesinhas, de tanta bagunça que fizeram, por pouco não derrubando a aeronave). Face à distância do fato e à sua brevidade, somente guardo na memória alguns seus poucos flashes acinzentados.
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Lembro de que eu via da janela do meu quarto de hotel, por exemplo, o "Palácio Alvorada" (a moradia do Presidente da República); lembro, vagamente, do "Teatro Nacional" (mas, que lembrança mais esquisita!); lembro da torre de televisão (a trôco de quê?... cada coisa pra se lembrar!!!); lembro do "Monumento aos Candangos", que, pra mim, à época, era enorme!!!... (Muito estranha esta sensação de nos lembrarmos de coisas do tempo em que ainda não havíamos acabado de crescer, muito maiores do que de fato elas são, não é mesmo?) E, finalmente, lembro, com certeza, da visita à maravilhosa "Catedral de Brasília".
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Estranho eu não ter o menor vestígio de lembrança de já ter visto pessoalmente alguns marcos muito importantes da arquitetura e do planejamento urbano de Brasília como a "Praça dos Três Poderes", por exemplo, como o edifício do "Congresso Nacional" (sede do Poder Legislativo), como o "Palácio do Planalto" (sede do Poder Executivo) e como o edifício do STF (sede do Poder Judiciário). Não me lembro, tampouco, do prédio do "Itamaraty", que eu considero um dos projetos mais lindos do Niemeyer - um dos poucos onde se revela o cuidado do arquiteto (diga-se de passagem), e não me lembro nada das quadras com os edifícios habitacionais. Outros marcos de Brasília, eu considero menos importante não lembrar, e alguns outros, ainda, nem ao menos existiam à época: justifica-se.
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Fiquei, ainda, chocada ao constatar que jamais havia estudado Brasília em minhas aulas de "PUR" (Planejamento Urbano), já que em muitos momentos, ao longo de minha estadia, me senti como que assistindo a uma aula da Mirna. Mas que nada a ver... será por quê???
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Sobre o planejamento urbano de Brasília somente sabia o que todos sabem: o projeto de Brasília tem formato de "avião". Hoje percebo que o "plano piloto" de Brasília, na verdade, vai muito além das asas e do corpo do conhecido "avião".
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Mas... a sensação de estranheza me acompanhou em muitos momentos...
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É estranha, por exemplo, a sensação que se tem logo quando da chegada à cidade (se isso acontecer pelo caminho que eu percorri, ao menos, por fora "do avião")... Não se percebe que já se está em Brasília, a não ser quando se chega em casa. Parece que a cidade ainda vai começar ou que você ainda está em uma periferia remota. Não. Brasília é isso mesmo. Você já está nela. O coração da cidade é logo ali: dá pra ver o "Congresso Nacional" dali, daquele lugar que parece ermo.
Brasília, na verdade, pra quem está por fora do "avião" (e, hoje, muita gente mora fora dele), parece ser montes de estradas ligando nada a coisa nenhuma (que maldade!!!)... O mais marcante em Brasília são suas vias de ligação, que mais parecem aquelas auto-estradas norte-americanas (e esta era, de fato, a intenção de Lúcio Costa). Elas, as vias de ligação, deveriam ser o cartão postal de Brasília, e não, nenhum de seus edifícios.
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As vias são tipo estrada mesmo, pois não há nem ao menos calçadas ou jardins ao longo de suas laterais. Há mato... há cerrado. Fácil constatar que, nem ao menos trazendo todo o rebanho da Nova Zelândia pra pastar ali, seria possível manter podada toda aquela enorme extensão de mato.
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"Estamos no "Setor das Embaixadas"", diz minha filha... "E cadê as casas? As Embaixadas? Cadê uma construçãozinha? Bem... acho que tem que entrar em alguma rua... não dá pra ver nada desta auto-pista. É... dá pra ver umas placas indicativas: "Setor Hoteleiro", "Setor de Hotéis de Turismo Norte", "Setor de Clubes", "Setor de Mansões Isoladas". Mais tarde confirmei: você, realmente, tem que entrar numa estrada lateral e vai encontrar algum hotel... algum clube... alguma mansão... Um cá... o outro muuuuuito acolá.
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E esta coisa de manter o nome dado ao "setor" quando do projeto é "algo"... Parece que estou vendo o Lúcio Costa, sentado na prancheta e rabiscando no papel: aqui vai ser o setor de mansões isoladas. E o nome ficou: "Setor de mansões isoladas". "Nossa... mas que pedante!!! Não dava pra trocar de nome só pra que se eu, um dia, pudesse sonhar em morar lá (e quisesse), não viesse a me sentir tão culpada?"
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Estou dando um exemplozinho... mas é tudo assim! Tudo parece que saiu da prancheta e não deu pra trocar de nome. Talvez por falta de tempo ou, quem sabe, por falta de interesse, de amor, de carinho, de vínculo, sei lá. Nada justifica.
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Brasília é bem assim, mesmo: ruas e mais ruas que mais parecem estradas e mais estradas... Tudo muito distante e escondidinho... Pra quê tanto nada??? É muito esquisito... Tudo bem não gostar de "selva de pedra", mas... não... exagero! Cadê a civilização?
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Como eram diferentes os conceitos de distância à época em que nossa capital foi projetada. Acho que se Brasília houvesse sido projetada após a crise do petróleo de 1973, certamente as distâncias seriam outras... já não predominaria esta postura megalomaníaca norte-americana.
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Hoje, tenho certeza, com os novos parâmetros de "arquitetura sustentável" (ou arquitetura "bioambiental", como insistiria minha amiga arquiteta Neli, estudiosa do assunto), as distâncias seriam mais curtas (muuuuuito mais curtas). Não existiriam espaços vazios. É em função deste raciocínio, que, em muitas cidades, como em Curitiba, por exemplo, paga-se valores maiores de "imposto predial e territorial urbano - IPTU", quando o terreno não é ocupado: falta de ocupação urbana é sinal de infra-estrutura desperdiçada.
O que dizer quando uma cidade dá a impressão de não ter ocupação urbana... só infra-estrutura?
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Não admira que dizem que em Brasília não há esquinas já que... estradas também não têm esquinas. Bem... mais ou menos verdade, isso de dizer que em Brasília não há esquinas... Brasília não tem cruzamentos, nunca. Mas... uma "rua" pode chegar na outra, então, Brasília tem encontro de ruas (claro, né... nem seria possível de outra forma). É... uma "rua" chega na outra depois de uma looooonga curva, ou de uma rotatória, então... não é uma esquina convencional (tipo... 90 graus). Esquina convencional quase não existem em Brasília.
E cruzamentos, não existem, mesmo, de jeito nenhum (ou passa-se por cima, ou passa-se por baixo, ou faz-se retorno, ou simplesmente segue-se adiante). Não existem cruzamentos em Brasília, em compensação... muitas vezes você parece que segue adiante até o fim do mundo(!!!)... e depois, volta tudo atrás, pra o começo dele.
Ainda... você acaba tendo que aprender a como entrar e a como sair daquelas rotatórias... ...Ah!!! tô de má vontade... é facilzinho: questão de hábito, mesmo.
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Depois... tenho que destacar uma coisa fantástica em Brasília: o pedestre colocou o pé na faixa, o carro pára. Muito legal... parece Estados Unidos. Além disso, não arrisque passar no sinal amarelo: é multa certa.
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Por outro lado, cara!!!: os endereços de Brasília (o que é isso???)... Credo!!! Quando ainda estávamos em Curitiba, não conseguíamos, a Paola e eu, localizar nada em Brasília. Colocávamos no "Google Earth", escrevendo por extenso "Setor de Hotéis de Turismo Norte", por exemplo, ou abreviando SHTN, como eles dizem, e não achávamos nada. Não tem como encontrar um endereço em Brasília. Eu achava, que não se achavam os endereços de Brasília estando aqui, em Curitiba... mas não: não se acham os endereços de Brasília estando lá, em Brasília, mesmo.
E depois... Brasília não tem nome de rua (como qualquer cidade que se preze). Não! Pra quê nome de rua? Quando você quer saber o endereço de alguém, você consegue, no máximo, a sua localização: Setor "tal", quadra "tal", lote "tal". Daí, é como se eu estivesse lendo uma matrícula de registro de imóveis: tem que ter o nome do loteamento, o número da quadra e o número do lote (normalmente, até o "registro de imóveis" exige o endereço, além da localização). É o projeto do loteamento puro, ninguém se preocupou em dar nomes pras ruas e números pras casas, como sempre acontece depois, em qualquer cidade.
Cara... todas as cidades deste mundo têm nomes de ruas e todas as suas edificações têm números!!! O que acontece com Brasília??? Seria este um país sem heróis que pudéssemos homenagear atribuindo a uma rua o seu nome? Ou será que não conseguimos chegar a um consenso nem em questões tão do "dia a dia"?...
Bem... todo o projeto, não importa se de urbanismo, de arquitetura, ou "whatever" obedece uma lógica (nem que a lógica seja o caos). Óbvio, então, que a localização das quadras e das "vias de ligação" de Brasília obedecem esta lógica. Há uma numeração, atribuída às quadras e às "vias" que é lógica, se estamos dentro do "avião".
Assim:
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O "avião" que constitui a cidade de Brasília voa para Leste e tem dois enormes eixos: O "Eixo Monumental" (direção leste-oeste), formando o corpo do avião e ao longo do qual estão todos os edifícios governamentais e o "Eixão" (direção norte-sul), com cerca de 15 km de extensão, formando as asas do avião e ao longo do qual vão acontecer as quadras habitacionais (e o acesso a algumas autarquias, quando se está próximo ao "Eixo Monumental").
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O "Eixo Monumental" constitui-se de um jardinzão no meio com uma rua que vai (sentido leste-oeste) - a "Via N Um Leste" e uma rua que vem "Via S Um Leste". Estas ruas, ao atravessar o "Eixão", vão se transformar na "Via N Um Oeste" e na "Via S Um Oeste". Deduz-se que a próxima rua paralela ao "Eixo Monumental", depois destas são a "Via N Dois Leste" e "Via S Dois Leste" que vão se transformar, após a travessia o "Eixão", na "Via N Dois Oeste" e na "Via S Dois Oeste". Parece que acaba por aí. Não há mais vias de ligação na direção leste-oeste, pois, estando dentro das áreas habitacionais, estas ligações não são desejáveis.
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Já, formando as asas do avião, existe o "Eixão com seus "Eixinhos" (um de cada lado do "Eixão"). Paralelamente a estes eixos, lembro da L-2, da L-3, da L-4, e da W3. As vias que estão do lado leste do "Eixão" começam com "L". Muito bem. As vias que estão do lado oeste do "Eixão" começam com "W". (Mas é muuuuuito chique, heim!!! - tô demasiado irônica, hoje.). Bem... e a numeração destas ruas vai crescendo na medida em que se afastam dos eixos. Eu acho que a L-1 e a W-1, por exemplo, devem coincidir com os "Eixinhos", ao longo do "Eixão. E não me lembro de nenhuma W-2 nem W-4, mas, pela lógica, elas devem existir, também. Eu não sei.
As quadras têm numeração formada por três dígitos. Aquelas que estão pro lado oeste do "Eixão" têm primeiro dígito "1" (na primeira quadra de afastamento do "Eixão") e "3", na segunda. As quadras que se encontram pro lado leste do "Eixão" têm primeiro dígito "2" (na primeira quadra de afastameto do "Eixão") e "4", na segunda. Os segundos e terceiros dígitos do número das quadras, de um lado e do outro do "Eixão", identificam a distância que as quadras se encontram do "Eixo Monumental". Como são dezesseis quadras, desde o "Eixo Monumental" até o finalzinho de cada uma das asas do avião, então, a primeira quadra partindo do "Eixo Monumental para o Sul e para o Oeste, chama-se "SQS-101", por exemplo, e a última quadra partindo do "Eixo Monumental" para o Norte e para o Leste, chama-se "SQN-416". É isso. Se bem que, em minha cabeça (......) eu as chamaria, respectivamente, SQSO-101 e SQNE-216.
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Então... os nomes das ruas e das quadras têm uma organização cartesiana. Maior formalidade, impossível. É mais ou menos como se ao apresentar uma pessoa a outra, você não dissesse o seu nome, mas falasse o seu número de CPF e RG (ou então, desse a localização: este cara é filho de "fulano de tal" com "fulana de tal"). Absolutamente correto, sem sombra de dúvidas.
Conhecendo-se tudo isso, fica fácil saber onde estão as coisas dentro do "avião". Pelo menos, fica fácil imaginar o lugar de maneira macro, a quadra. Agora, de maneira micro, a edificação em si... Vire-se!!! Pergunte (se você conseguir encontar alguém andando pela rua - uma raridade)... Afinal: "quem tem boca vai a Roma"...
Imagine a Paola e eu tentando encontrar o caminho para a "Academia de Tênis", e ziguezagueando em volta do "Palácio Jaburu": "Não, mãe. Eu que não vou confessar ali pro guardinha da casa do "Zé Alencar" que estou aqui, "perdidinha da silva". Eu, que não!". "É... é constrangedor, mesmo... Tudo bem!". Pois é... chegamos a "Roma" depois de um looooooongo percurso, muita sorte e infinita determinação!!!
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Isso já aconteceu fora do "avião", não tenho nenhum exemplo dentro. Fora do avião, onde a organização não é assim, cartesiana, fica mais ou menos assim, só pra dar mais um exemplozinho, se me permitem:
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Tenho uma prima que mora em Brasília há oito anos. Ela não mora no "avião", mora numa chácara, lá pros lado do "Lago Norte" e queria me encontrar. Como eu não estava a fim de viajar até a casa dela, convidei-a pra me fazer uma visita na casa da Paola, que também não mora no "avião": "E o endereço?". "Setor tal", quadra tal, lote tal. Ok?!?!". "Ah, tá, "Setor tal e coisa..."... "Não, Milta, Setor tal". "Hã... e como é que chega aí?". "Bem... filha explica pra ela". "Você está aonde? Então... você vem pela "tal", vem... vem..., daí passando "não sei o quê" tem uma placa escrito "x", vira na próxima, tem um contorno, presta atenção... você vai ter que voltar, mas só um pouquinho, vira à direita e depois à esquerda, tem o nome do condomínio "Solar.... não sei das quantas". É ali. Entendeu?". "Vou chegar mais perto e telefono. Já estou saindo". Muuuuuito mais tarde: "Tem uma pizzaria aqui na esquina"... "Não, não, já passou, volte uns tantos quilômetros, vire à direita e à direita de novo... tem uma faixa onde está escrito o nome de um restaurante... siga a faixa, mas dobre antes de chegar no restaurante. Entendeu?" Bem... a Pa e eu na janela, esperando... "Olha lá, mãe... acho que é o carro da tua prima fazendo a volta e indo embora". "É um carro preto, Milta? Não, Miltair, volte, você estava aqui na frente. É aqui mesmo. Volte, volte!!!".
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Cara.... é a descrição mais próxima que consigo dar para o fato: o caos!!!. E olha que a Paola é praticamente vizinha do Lula. Nada de periferia remota!!!
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Só um exemplozinho... pra ilustrar, como é difícil encontrar um local em Brasília. A Paola diz que não conseguia explicar pra nenhum entregador de pizza onde ela mora. Agora, já conseguiu encontrar um carinha que consegue chegar lá. Provavelmente, não vai mais mudar de pizzaria.
Inacreditável!!!
Bem... tenho que falar daquela terra vermelha. Dizem que quem nasce no Norte do Paraná é "pé vermelho". Pois aquele que nasce em Brasília é "vermelho de corpo inteiro"... é "vermelho de cabeça, tronco e membros!". A terra suja tudo, como no nosso Norte. Deixa tudo encardido, feio... pintado com urucum.
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Na verdade, a sensação de sertão, de falta de civilização, de descuido, de improviso, é tamanha que me fez lembrar os tempos em que meu pai era pioneiro em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, em meados dos anos 50. Êita, sertãozão brabo!!!
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Ainda tem algo em Brasília que perturba bastante: não há contato da população em geral com o imenso "Lago Paranoá"... Eu, curitiboca, já imagino um lago com um parquezão público em volta. Em Brasília, não... o "Parque da Cidade", o "Sarah Kubitchek" (e qual havera de ser o seu nome?)" fica do lado oposto ao lago em relação ao avião.
Ao longo do Paranoá, estivemos num lugar chamado "Pontão Sul", eu acho, mas... me deu a sensação de particular, com guarita e tudo e com muitos restaurantes caríssimos lá dentro. Então, a população rica da cidade passeia livremente com seus jetskies e lanchas pelo lago enquanto os menos favorecidos aproveitam o espacinho que sobra embaixo das cabeceiras de pontes pra pescar.
Não é justo... Não é justo, especialmente, se considerarmos que o brasiliense é absolutamente fissurado por água.
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No dia seguinte à minha chegada fomos visitar o "avião" do "Plano Piloto". Estava ansiosa...
Saímos da L-4... longa curva à direita... o "Bosque dos Constituintes" à esquerda (será que cada constituinte plantou uma arvorezinha daquela?), sentido oeste e logo alí... a "Praça dos Três Poderes", à esquerda, com o "Congresso Nacional", no meio do canteiro, o "Palácio do Planalto", do nosso lado da rua, e o "STF", lá do outro lado. Adiante, a "Esplanada dos Ministérios", com aquele jardinzão no meio... Muito bonito!!!
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Muito legal, aquela sensação de amplidão com os prédios administrativos de diferentes autarquias, ao longe... tudo soltinho, cada um com sua arquitetura bem valorizada, nada apertado... aquela sensação de planalto, mesmo, tudo bem alto... Muito legal... Adorei!!! A sequência dos Edifícios dos Ministérios dá uma perspectiva bem interessante!
Estamos no corpo do "avião"... o coração da cidade!!! Passamos por todos os prédios mais conhecidos... o Edifício do Itamaraty, a Catedral, o museu, a Biblioteca Nacional, do outro lado da rua... o Ministério da Justiça, o Teatro (só?? será??)... do nosso lado da rua, até chegarmos ao "Eixão", como eles dizem.
"Aquele prédio, lá no comecinho, do outro lado, eu não me lembro o que é... mas é muito bonito, Pa... eu quero visitar, um outro dia (são dois sólidos invertidos meio que em forma de cunha, semi encaixados)". Vi o edifício de várias autarquias ao longe: "Mas cadê o prédio do "Banco Central"?, este eu também quero ver...
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Passamos por baixo do "Eixão" e lá na frente fomos dar no "Memorial JK", à esquerda.
Este cara, o JK, ele era o que há de egocêntrico, mesmo. Como é que vai me inventar de construir a capital de um país no meio do nada? Tô sabendo... existiam leis anteriores a ele determinando a mudança da capital. Aliás, o assunto já era tratado desde a Constituição de 1891, por influência de Marechal Floriano, outra figura polêmica de nossa história - diz-se que Floriano era homem de confiança de D.Pedro II quando ajudou na Proclamação a República e ainda, que, tendo sido vice de Deodoro, obrigou-o a renunciar para ascender ao seu cargo - .
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Enfim... ninguém, antes, tinha tido a coragem (ou seria... a insanidade???) de enfrentar o desafio da mudança da capital (assim, como, certamente, ninguém, depois, teria tido).
E ninguém havia determinado, tampouco, que se realizasse tamanho empreendimento tão às pressas: localizar, fazer concurso, projetar, administrar concorrências públicas, comprar áreas e materiais, contratar pessoal, construir e, "of course", inaugurar tudo dentro do prazo de um mandato presidencial. Uma capital!!! Federal!!! Faz idéia do tamanho do feito!!! Quando penso sério no assunto, acho que tem algum erro aí: ninguém fez isso!!! Quem seria "nuts" a este ponto? Que povo iria deixar que isso acontecesse?
Pensemos bem... não é, simplesmente, fazer o projeto de uma cidade, montar toda a sua infra-estrutura, construir um edifício administrativo ou outro, tudo isso, dentro de prazos razoáveis e daí deixar que as pessoas venham chegando, adquirindo seus lotes, construindo suas casas, e aumentando, paulatinamente a cidade. Não!!! É construir tudo e já. Cada edifício administrativo, cada moradia e cada edificação de apoio foi construída pra poder mudar todo um "stuff" imenso de uma cidade pra outra... assim, instantaneamente, dentro de um prazo de quatro anos. É mágica!!! Sem dúvida, há que se glorificar tamanho poder!!! Inacreditável o poder de realização. Feito heróico!!!
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Se bem que... pra ser herói, tem que saber de que ponto de vista se analisa o fato, não é mesmo? O herói de quem analisa de cá... pode ser o carrasco de quem analisa de lá, não é mesmo?
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Mas, hoje eu estou muito difícil, mesmo... Eu considero o JK extremamente inteligente, extremamente culto e extremamente perseverante (todas características muito positivas). Verdade que também o considero um pouco demais de egocêntrico (uma característica bem pouco negativa).
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Depois, até hoje, 49 anos depois da inauguração de Brasília, completados no dia 21 de abril passado, quando eu lá me encontrava, sofremos as consequências da mudança da capital, especialmente, de a mudança da capital ter sido feita tão às pressas como o foi.
Nem vou comentar o fato de circular na imprensa que parlamentares, ainda hoje recebem passagens aéreas mensais para visitar o Rio de Janeiro (a antiga capital da República). Não vou... já o fiz. É... e não deveria ter feito... vai parecer que esta é uma consequência das importantes, e sinceramente, esta é das menos.
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Não conheço o projeto original do Lúcio Costa para Brasília, mas vi um seu rabisco para a definição da Capital em algum museu que visitei, talvez, o "Memorial JK" (certamente, o marco de Brasília mais bem conservado). A idéia do projeto nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar, promovendo o encontro de dois eixos (o corpo e as asas do avião). Um conceito simples e universal. (Não que eu goste desta idéia, pois acredito que ao se expandir, a cidade encontrará problemas. Particularmente, acredito mais na idéia de uma cidade projetada em quadrados concêntricos, eu acho, lembrando o plano "Agache" pra Curitiba - que tinha a idéia de círculos concêntricos - contrapondo-se ao que foi posteriormente adotado, em nossa cidade, quando do plano "Wilheim" - que adota, sem ineditismo, a idéia da cruz -).
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Diz-se que o projeto de Lúcio Costa era o menos detalhado de todos os que participaram do concurso, mas que seu "memorial descritivo" era poderoso. Gosto da idéia de se dar importância à palavra.
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Depois, pelo que andei estudando, temos muito a agradecer que tenha sido o projeto de Lúcio Costa o vencedor do concurso para a construção da nova capital pois os demais foram considerados muito visionários. Imagine!!! O projeto de "Rino Levi", por exemplo, previa a construção de superblocos com 300 metros de altura.
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Se as distâncias horizontais do projeto de "Lucio Costa" são estratosféricas, as distâncias verticais de "Rino Levi" eram astronômicas!
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Mas... são "tudo louco", esses arquitetos, mesmo!!!
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Sossegue, (Vera), a tua "racinha" parece ser ainda muito menos maluca do que outras, por aí!!!
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Niemeyer foi convidado por Juscelino para ajudar na construção de Brasília porque já havia trabalhado com ele em Belo Horizonte, então... não dá pra não lembrar da Pampulha. Na verdade, da "Igreja da Pampulha", já que o restante do conjunto não é, realmente, tão significativo (eu, pelo menos, não gosto de nada do resto).
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Não quero falar que a Igreja é importante porque assinala o marco de quando Niemeyer, através de sua arquitetura, rompe as linhas retas que até então predominavam, fazendo, enfim, uso de uma das características mais fundamentais do concreto armado: a sua plasticidade. Não.
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O que eu quero falar é que a igreja é inacreditavelmente pequena. Você vai chegando perto, contornando o lago e logo adiante, você vê a "Igreja da Pampulha". Mas... se choca pelo tamanho. Ela é extremamente pequena... Gente: a Igreja da Pampulha é muuuuuuuuito pequena!!!. Parece que eu estava vendo uma sua maquete, pra se ter uma noção de como eu imaginava maior a edificação... Bem estranho.
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Voltado à realidade:
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Entrando no "Eixo Monumental", pela L-4, como eu fiz, de cara, no sentido leste-oeste, pela cabeça do avião, então... alí, logo alí, bem na pontinha de cima do corpo do avião está a "Praça dos Três Poderes", sede de toda a administração do país. Confesso que parece que me faltou um pouco de perspectiva, de elemento surpresa, de expectativa, e (por mais incrível que possa parecer) de caminho a percorrer, antes de chegar no elemento principal. É como se eu estivesse entrando na Igreja pelos fundos... dava de cara no altar.
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Tudo bem... descobri, na sequência, que entrei pela porta dos fundos, mesmo.
O certo teria sido chegar no aeroporto, entrar pelo "Eixão", percorrer todo um longo caminho até o "Eixo Monumental", entrar nele à direita e aí, sim, eu teria tido uma visão "de cartão postal" de Brasília, de cara... (claro que também fiz isso, depois... muitas vezes eu fiz este percurso, depois...). Muito lindo!!! Muito lindo!!! Adorei...
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Só não entendi aquele guardinha sentado embaixo da taça do plenário da Câmara dos Deputados, aquela que fica voltada pra cima, protegendo-se do sol: "Mas será que ninguém contou pra esse carinha que é ridículo ele ficar ali? Como é que eu vou tirar a minha foto "de cartão postal?".
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Mas... o guardinha era persistente... Muitas vêzes, como disse, fiz o percurso descrito e o guardinha estava sempre lá, impávido colosso, sentadinho. Houve, até, uma vez em que um companheiro dele estava lá, pra baterem papo, afinal, o trabalho devia ser muito estafante...
E eu?? Eu não conseguia tirar a minha foto "de cartão postal".
Acho que vou falar com esse cara... onde é que já se viu? Até analisei como chegar até lá onde ele estava, tamanha a indignação, mas... não dava: a laje que apoia as taças do Congresso Nacional chega até a avenida através das vigas de sustentação... mas, o acesso a elas é impedido por meio de uns cavaletes enjambrados de madeira (que coisa!!!).
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Mas... que coisa!!! Não dá pra chegar até o guardinha!!!
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Resultado: não consegui tirar minha foto "de cartão postal" de Brasília. Aquele idiota!!!
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Quase tudo o que você imagina, em termos de edificações administrativas, no Eixo Monumental, acontece antes de se chegar ao "Eixão", vindo da L-4. Depois de cruzar o "Eixão", passa-se somente pela "Torre de Televisão". É... tem um estádio, eu acho, edificações de apoio, só... e lá longe, longe de tudo, depois de muito espaço introdutório, que não é nada, está... o "Memorial JK". "É... eu mereço!!! Eu mereço". (não, não sou eu quem mereço, quem deve ter pensado isso, é o Juscelino... ou alguém duvida que ele tenha deixado reservado um pedacinho da cidade só pra si?).
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Não visitamos nenhum edifício por dentro, naquele primeiro dia. Tínhamos algumas coisas pra resolver. Mas a primeira sensação, além da bela implantação dos edifícios, foi uma sensação de abandono, de falta de cuidado, de desleixo, mesmo!!!
Deve ser impressão, tentava me convencer eu, mesmo não conseguindo tirar da mente a visão perturbadora daqueles carinhas (muuuuitos carinhas) pintando os meio-fios da cidade com cal, como quem joga a massa na parede pra fazer rebôco. É... não sei se todo mundo vai entender o que estou querendo dizer. Eu quero dizer que eles jogavam a tinta no meio fio como quem está tentando limpar a broxa. Não... não sei se me expliquei, ainda... Enfim... parece que a intenção dos carinhas era pintar o meio fio (não faço idéia de o porquê), mas eles acabavam por lambuzar tudo, em volta. Tudo!!!: a calçada, o asfalto e até os carros que estavam estacionados perto ficavam respingados de tinta. Credo!!! Mas que nojeira!!!
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E no dia seguinte, e no outro também... lá estava aquele batalhão de "profissionais da lambança".
Mais à noite fomos fazer um lanche em uma panificadora de uma super-quadra (as quadras habitacionais).
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É assim: dos "Eixinhos" (que formam o centro das asas do avião, juntamente com o "Eixão"), tem-se acesso às super-quadras habitacionais.
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Só pra ilustrar... não se tem acesso às super-quadras diretamente do "Eixão". O "Eixão" é pra circular, atravessar... não pra entrar. Tanto "Eixinhos" como "Eixão", têm mãos nos dois sentidos. Então, se você estiver no "Eixão" (não importa qual o sentido) e quiser entrar numa super-quadra, você tem que sair a direita, entrar no "Eixinho" que vai para o sentido contrário que você estava indo, fazer a tesourinha, como eles dizem, (e que significa, pegar aqueles contornos mirabolantes em forma de cabo de tesoura) e aí, sim, pegar o "Eixinho" que vai na mesma direção que você estava percorrendo quando estava no "Eixão" para poder ter acesso a uma super-quadra.
Parece complicado, explicando, mas, na prática, é muito inteligente e simples.
Pra sair de um "Eixinho" e pegar o "Eixão" tem que fazer a mesma coisa.
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O acesso às quadras habitacionais também pode ser feito por fora dos eixos, pela L-2 ou pela W-3. Estes acessos de um lado e de outro, no entanto, não se cruzam diretamente com aqueles que saem dos eixos. Pra dificultar a circulação, eles são desencontrados. Sómente está por ali quem que ir àquela super-quadra específica. Não se circula dentro das super-quadras, o que é bem legal.
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Saindo de um dos "Eixinhos" ou de uma das avenidas paralelas a eles, antes de chegar nas áreas residenciais, propriamente ditas, passa-se por um centrinho comercial. É muito bem bolado este esquema. É só uma quadra com lojinhas de um lado e do outro pela qual você é obrigado a passar antes de adentrar uma super-quadra.
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Em tese, você chegando em casa, já pára na panificadora e compra o seu pãozinho. Tenho certeza que foi isso que o Lúcio Costa imaginou mas, é pena que não esteja sendo usado desta maneira: cada centrinho comercial tem um determinado tipo de mercadoria, então, tem o centrinho comercial das farmácias, o centrinho comercial dos "materiais elétricos", assim... tudo especializado. Não pode ter sido esta a intenção inicial.
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Depois... os centrinhos comerciais, parecem ser todos muito decadentes (é... eu vi um que estava bem arrumadinho... só um). A maioria destes centrinhos dá uma impressão de abandono, de coisa velha, que dá dó. Além de tudo... foi o meu primeiro contato, em Brasília, com calçada. E elas são horríveis... o que há de horríveis. Parece que foi tudo feito muito às pressas (e não foi?): um concretão alisado, assim... jogado de qualquer jeito.
Não pude deixar de me lembrar das calçadas de Maringá, cidade também planejada, onde as calçadas, maravilhosas, são feitas de ladrilho hidráulico. Lindas!!! Depois, estes centrinhos comerciais são meio que em desnível e... as calçadas têm... acredite se quiser... degraus.!!! Degraus nas calçadas é a coisa mais comum nos centrinhos comerciais de Brasília. Mas não se faz uso, aqui, dos mínimos critérios de acessibilidade? Onde é que já se viu!!!'
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Bem... saindo dos centrinhos comerciais, adentra-se às super-quadras. É o que há de mais legal em Brasília. Adorei as super-quadras. Deve ser muuuuuito legal morar ali. O que chama a atenção, de cara, é a quantidade de verde. Muuuuuita vegetação. Um frescor, uma delícia!!! Ahhhh... O Burle Marx!!!
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Não sei porque eu tinha a idéia de que as super-quadras tivessem todo o piso revestido de concreto (será que eu não sei, mesmo, o porquê?). Nada disso. Absolutamente, nada disso.
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Depois é assim, como já expliquei, não tem tráfego de veículos. O acesso aos edifícios dentro das super-quadras é feito através de uma ruazinha que vai serpenteando, serpenteando até chegar, num beco sem saída, ao último prédio... então, não há tráfego. Cada uma das super-quadras tem um caminho que serpenteia de maneira diferente. Muito bom!!!
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E... não há muros separando um prédio do outro. Tudo é livre, aberto e, como os prédios são sobre pilotis, a circulação de pedestres é livre por entre e também por baixo deles.
Há boas áreas de recreação e o edifícios estão todos bem conservados e são muito limpos.
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Muito legal a implantação das super-quadras e o seu paisagismo. Os edifícios, já, são um capítulo a parte...
Todos os edifícios habitacionais das super-quadras de Brasília obedecem aqueles conceitos básicos da arquitetura moderna, onde "menos é mais" (conforme dizia "Mies Van der Rohe") e "forma é função" (como pregava "Louis Sullivan"), rejeitando qualquer possibilidade de ornamento. Os prédios também obedecem pelo menos dois dos cinco critérios básicos para a arquitetura moderna de "Le Corbusier": são todos sobre pilotis e todos têm suas janelas em fita. Os demais critérios corbusianos (estrutura independente, planta livre e terraço jardim) eu não sei se foram seguidos pois não adentrei aos prédios.
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Os pilotis são algo que nos intriga. Sem dúvida, passeando a pé por entre os prédios não se deixa de valorizar a integração que a transparência proporcionada pelos pilotis nos oferece. Você encherga longe por através dos prédios. Mas, considero difícil de aceitar, mesmo, tanta área ociosa. A área do térreo dos prédios não pode ser ocupada, por lei, com nada (garagem, salão de festas, nada). É um espaço bonito (há que se dizer), mas muuuuito ocioso. É uma área enorme só pra se olhar através (e pra manter as faxineiras dos edifícios ocupadas).
Todos os prédios de cada super-quadra têm o mesmo volume: mesma largura, mesmo comprimento e mesma altura - dentro das quadras que começam com os números 1 e 2 todos os edifícios têm 6 pavimentos e dentro das quadras que começam com os números 3 (eu acho) e 4 todos os edifícios têm 4 pavimentos. São paralelepípedos absolutamente do mesmo tamanho.
Dá a impressão, então, pela sobriedade e semelhança, de estarmos em uma cidade da antiga "Cortina de Ferro". É uma arquitetura socialista... que é ainda ressaltada, se levarmos em conta que passeia-se livremente por baixo dos prédios, anulando-se o conceito de propriedade.
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Não chega a ser feio, o resultado... Não, não é. Mas é tudo igual. Não, mentira, varia, um pouco... (o formato dos pilotis, o desenho das janelas, os revestimentos... esses detalhamentos variam de um prédio para outro... não muito mais). E isso é cansativo. É muito repetitivo...
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Também... quem teria tempo de projetar aquele monte de prédios da noite para o dia?: tudo igual.
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Não entrei em nenhum apartamento de super-quadra, mas, acredito, internamente, originalmente, ao menos, as diferenciações não devem ser muitas.
Claro, certamente, muitas "madames" já mudaram as suas moradias por dentro pois sempre encontram uma solução que é melhor que a do arquiteto (afinal, elas sempre são "meio arquitetas", também). Depois... elas não podem morar em um apartamento igual ao da sua vizinha, afinal, elas são tão diferentes!!! (mas... adoram copiar as soluções encontradas por suas semelhantes, ou ainda, adoram adotar aquelas soluções pré-fabricadas, avidamente procuradas, de revistas). Cara, desculpe!!!... tô muuuuito amarga, hoje!.
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Bem... a frieza, a rigidez, a dureza dos edifícios é quebrada pela flexibilidade, espontaneidade e beleza de sua implantação. E depois, como é tudo muito grande, a unidade do edifício passa a ser pequena e o resultado final, como um todo, é muito bom!!!
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Acredito, mesmo, até que se se houvesse dado muita liberdade para a criação dos edifícios, talvez o resultado fosse caótico, já que se perderia a noção de organização que eles impõem...
Lá pelos lados da W-3, existem moradias térreas. Ali a implantação é interessante, também, (foi o local onde eu mais me senti em uma aula de "PUR"): as casas têm acesso pela frente e os fundos de todas elas dão pra um jardim comum de recreação, então, é assim: uma rua onde passam carros, quadras de casas com a extensão de um só terreno, o jardim comum de recreação, novas quadras de casas com a extensão de um só terreno e uma outra rua onde passam carros.
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É interessante, mas os terrenos são todos, muito estreitos, talvez uns seis metros e as calçadas são também indecentes, como em qualquer lugar em Brasília (e eu que reclamava das calçadas de Curitiba... nunca mais!). Além de tudo, as casas são populares, então... estão mal conservadas, foram todas alteradas e os jardins comuns de recreação estão completamente abandonados.
Uma pena... mato puro!!!
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Ah, as cruéis diferenças entre a realidade e a prancheta!!!
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... ...
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Então... outro dia fomos, a Paola e eu, conhecer os edifícios institucionais de Brasília por dentro.
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"Paola, não esqueça que eu quero visitar aquele prédio das duas cunhas... Ele é lindo!!!".
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Começamos pela "Biblioteca Nacional". Fomos entrando e logo recebidas por uma moça que nos guiou o tempo todo, tipo, visita acompanhada individualizada. Quanta deferência!!!
O prédio é legal... arquitetura despojada.
Mas... incrível o desleixo: no banheiro uma garrafinha pet de coca-cola com a tampa furada fazia as vêzes de saboneteira. Dentro do lavatório, restos de macarrão. Arrrgh! Disgusting!!!
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Além de tudo, fomos ficando inquietas: sala de recreação para as crianças (só com a "babysitter" lá dentro); sala de estudos com mesas individualizadas - tipo... traga seu livro e venha estudar aqui - (é... havia, ali, dois carinhas estudando); painéis ilustrativos ultra-modernos - que se mexiam explicando não me lembro o quê - (ninguém olhando os painéis); poltronas de estudos multimídia - que mais pareciam poltronas de relaxamento, mas que a moça não poderia fazer uma demonstração de como funcionavam porque as poltronas estavam quebradas - (claro, ninguém ali); salas de computadores - onde não se é permitido entrar no "msn" e nem no "orkut", explica ela - bem entendido: não é uma "lanhouse" - (vazias)...
"Mas... e o acêrvo?"
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A moça desconversava: "bem... a biblioteca foi recém inaugurada..." (há mais de um ano não é recém, pra mim). Papo e despapo... Enrolação e desenrolação... Bem... já estamos chegando ao final da "Biblioteca Nacional"... Inquietação!!!:
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"Mas... e uma prateleirinha com livros??? Cadê o acêrvo?".
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- "Bem..." desembucha, ela, finalmente: "estamos vendo se conseguimos trazer o acêrvo da "Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro". - "O quê?" - "É... esta biblioteca foi construída para abrigar o acêrvo que se encontra na antiga capital. Só que o Rio de Janeiro não está querendo liberar os livros, os documentos.". - "Hã!?!?". - "Pois é... parece que o prédio não é adequado pra receber aqueles documentos antigos... muito sol, pouca proteção... e tal e tal!!!" Desconversa, enrolação... "Sei, sei... entendi, entendi:
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Uma biblioteca, a Nacional, a da nossa Capital Federal... sem livros!!!".
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Ah... entendi. (entendi?!?!).
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Saímos do edifício mudas, cabisbaixas... incrédulas!!! Foi a Paola quem abriu a boca:
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"Sabe da "Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro", né, mãe... aquele edifício maravilhoso ao lado do "Teatro Municipal" e em frente ao "Amarelinho", né, mãe... aquela que foi inaugurada por D. João VI pra abrigar os livros e os documentos que ele tinha trazido de Portugal em 1808, né, mãe??? É deste acêrvo que ela estava falando."
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É... Danou-se... - "Não quero falar sobre este assunto!".
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Caminhávamos mecânicamente, sugadas pelo edifício do "Museu", à nossa frente... E eu, cá comigo, analisando o prédio: "É bonita aquela serpentina que sai do iglú... aquela rampa... mas, parece que ela vai e volta. É... ela vai e volta. Não... não é uma rampa de acesso como aquelas que o Niemeyer gosta de fazer (... e que não são pra meros mortais)... Pra quê que serve, então???... Ah... já sei: você está numa determinada parte do museu, e, enquanto vai pra outra parte dele, toma um arzinho lá fora. É... (imagina!!! Claro que não...) não é pra isso. Ela é só bonita, mesmo".
E eu... andando e voando: "Num período de tamanha rigidez, como o do modernismo, só sendo um gênio como o "Niemeyer", mesmo, pra fazer o que ele fez. Autêntico!!! Enquanto uns mantinham-se fiéis ao "forma é função", ele saia esculpindo por aí: "a forma pela forma"... Que função que nada!!!
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Diga-se de passagem, o que o Niemeyer mais fez neste mundo foi deixar a "escultura" pra fora e "enterrar" a função. Afinal... do ponto de vista dele, a função só atrapalha!!!
É sempre notável, na arquitetura de Niemeyer, a sua sensibilidade estrutural. Aliás, esta sensibilidade é indispensável pra que a sua arquitetura alcance aquelas formas inusitadas, belas e surpreendentes. A estrutura criada por Niemeyer é, sempre, uma bela escultura. Então, pra Niemeyer... arquitetura é escultura!!! E ponto.
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Na verdade, o que sempre mais gostei, no Niemeyer, foi o seu lado "ser humano"... Que grande cara ele é. E eu só quero dizer aqui que o "ser humano" Niemeyer é, ao meu ver, ainda maior que o "arquiteto" Niemeyer.
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Gosto do seu lado simples, desprovido de vaidades, apesar do reconhecimento mundial de sua genialidade. Gosto de seu lado preocupado com os menos favorecidos, de seu envolvimento, de seu engajamento social... Gosto de seu lado teimoso... de ele ter-se mantido "comunista", apesar de tudo e de todos (se bem que as minhas crenças sofreram mudanças ao longo de minha vida).
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Gosto de ele ter-se mantido sempre fiel a si mesmo, tanto na sua vida pessoal como na sua arquitetura.
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E eu... voando ainda mais alto: "Mas... o prédio é recém inaugurado, nada de período lá atrás... É novo!!! Bem... até quando vamos construir "Niemeyer"? Será que é porque Brasília é tombada? Ou porque foi declarada "Patrimônio da Humanidade" pela "Unesco"? Será que é só ele que pode projetar? Mas ele tem cento e um anos. Cento e um!!! E... por mais que eu não queira admitir, depois de quase 50 anos de sua inauguração, ainda falta muito pra Brasília... Brasília ainda é um imenso canteiro de obras!!! Como é que vai ser?".
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O sol estava forte e refletia naquele mar de calmaria... duro e cinzento, do concreto da calçada. O caminho era longo... Castigo!!!... Sou arrancada de meus devaneios: Mas será que não poderiam ter colocado uma arvorezinha só pra amenizar? E a "taxa de permeabilidade, onde é que fica?" (doida!!!).
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Subimos a rampa do "Museu", recém inaugurado. Lá dentro havia... rampas e mais rampas. Lindas, leves e soltas (nem tão soltas assim... as rampas são penduradas no teto. Ué??? Mas, ué!!! Uééééé!!! : "Não, não... Não, não e não... eu não vou desviar...")... Concentre-se. Cara: UÉ?
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As rampas estavam interditadas, então, não dava pra subir no mezanino, sua função, naquele momento, ao menos, era meramente estética.
Dentro do museu o que tem pra ser visto é o museu em si. Bem... tinha uma exposição, lá num canto, de uns estudos para painéis de concreto, algo assim, nada de tão importante.
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Então... eu fui perguntar. Não é possível: quero ver alguma coisa, além do prédio e desses estudinhos. Mas... não há acêrvo. No Museu de Brasília não há acêrvo para ser visto!!! Nem permanente, nem temporário, nem itinerante... Nada!!!
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Não... de novo, não!!! Uma biblioteca sem livros já foi o bastante!!!... Um museu sem obras, não!!!
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Não pude deixar de me lembrar do "Guggenheim" em Nova Iorque. É... havia ido lá mais pra visitar o prédio, mesmo, aquela obra-prima do "Frank Lloyd Wright", mas lembro de ter ficado extasiada com o seu acêrvo... Ai, ai!!!
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Brasil... meu Brasil brasileiro!!! Mas cadê o conteúdo??? Cadê o conteúdo??? Difícil... difícil!!! Bem que eu tento me esforçar... mas, assim, fica difícil.
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Mas... "Olha a "Catedral", logo ali!!!". (e da "Catedral" eu me lembrava... era maravilhosa!!!). "Foco, (Vera), foco!!!"
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- "Vamos a pé, mãe?". - "A pé, de jeito nenhum... Brasília foi projetada pra andar de carro... não a pé e nem, muito menos, de ônibus.".
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Voei:
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"Mas... como é que faz quem não tem carro? Pra quem vem de Curitiba, onde o planejamento urbano gira todo em torno do transporte coletivo, fica difícil imaginar. "Não, não se preocupe, (Vera...), todo mundo tem carro, aqui. E depois, em Brasília não tem congestionamento. Com estas auto-estradas todas, nem que todo mundo saísse de carro na mesma hora, ainda assim iria sobrar espaço nas vias. É mais ou menos como se a cidade de São Paulo ficasse, de repente, do tamanho do estado de São Paulo. Não haveria congestionamento... todo mundo circulando!!! Ainda, pense bem... tem o metrô: a Paola disse, com duas estações, ao visto, aquela onde você pega o trem e aquela onde você desce dele." -"Como assim?!?!... Não entendi... Como assim?!?! Mas como assim?!?!".
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O carro... ficar longe da "equipe da lambança"... estacionar novamente (estacionamento sempre a dar com o pé no eixo monumental de  Brasília). Mais tarde desobri que estacionamento, onde se precisa para parar o carro, simplesmente, não há. Brasília foi projetada para se circular de carro, não pra se estacionar.
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A "Catedral"... ali!!! Ai, ai...
Mas... esquisito... falta clima!!! falta clima de igreja. Ela está ali, com toda aquela imponência de formas, linda, maravilhosa, mas... ela está implantada como um edifício institucional qualquer e, não sei, falta espiritualidade! (é o que dá entregar o projeto de uma Catedral pra um ateu!!! - sem críticas, o prédio é belíssimo!!!)
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Não pude deixar de me lembrar do rigor da implantação das cidades da colonização espanhola: a igreja, a praça na frente e tudo, organizadíssimo, girando em torno dela... (claro, né... outros tempos... a Igreja era o poder!).
Mas, acredito, já que não é pela sua importancia política ou espiritual, deveria ter sido dada importancia maior, ao menos, ao valor plástico do edifício.
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Há até um espaço aberto em frente à Catedral de Brasília, com os quatro evangelhistas dando passagem, mas... falta espiritualidade, falta... não sei o que falta. Mas falta!!!
É... talvez falte alguma coisa em mim, mesmo!!! (e eu que não vou aqui me confessar, que eu não sou dessas coisas!).
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Tudo bem... Vamos ao que não falta: "Tem uma rampa, ali, Pa.". Chato... não faltam mendigos ao longo da rampa... três. Ainda não tinha visto pedintes em Brasília, mas... segui em frente e eu vi, olhando pra baixo, de longe, ainda de fora da Catedral, os bancos de igreja. Não era assim. Lembro perfeitamente bem que quando visitei a "Catedral" da outra vez... eram tôcos de madeira espalhados aleatoriamente que faziam as vêzes de banquinhos. Perdeu!!!
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"Eram lindos os banquinhos que existiam na Catedral de Brasília, Pa. Você precisava ter visto!". "Será que alguém pensou que era por falta de dinheiro que era assim, com tôcos aleatórios de madeira? Acharam pobre?. Bancos tradicionais de igreja... Cara!!!: não acredito!".
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Olhei pra frente... "E aquele altar católico???" Estranhei, a princípio, não sabia, pensava que se tratava de um templo ecumênico. Não... é católico: Igreja Nossa Senhora Aparecida (inclusive, no altar, há uma réplica da imagem da santa, a padroeira do Brasil).
Além disso, há um auto-falante que fica, com som metálico, distorcido, o tempo todo, cutucando nossos ouvidos com uma reza métrica católica. É perturbador...
O que existe, à esquerda da entrada da Catedral, é difícil descrever: uma imitação de pietá, segundo o que está escrito, feita de resina e pó de mármore. É uma pietá... mas, é uma imitação. Pra mim, uma imitação de plático! Uma imitação de uma obra de Michelângelo... um italiano. Um italiano renascentista. Que coisa!!! Não tem nada de original, nosso, e atual pra colocar ali? - "Mas que coisa!!! Onde estamos mesmo? Em que época?Tô perdida!!! Tô perdida no tempo e no espaço. Mas que nada a ver!!!".
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Na verdade, na verdade, ali, não precisava de nada. Ficava muito melhor se fosse espaço vazio. Ai, que falta que o nada me faz!
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Mas... ao lado da pietá há um banner (pra ficar pasmo!!!)... um banner enorme com um desenho imitando o "santo sudário" (deve ter sido presente de alguma gráfica, sei lá). E assim... meio que jogada no chão, por trás da pietá e do santo sudário, há uma cruz (parecia que o "pagador de promessas" - o do filme - tinha passado por ali e, cansado, tinha largado a cruz ali, de qualquer jeito, mesmo). 
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Total falta de respeito! De ficar enjoada!!!
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Essa reza... Não aguento!!! "Vou disfarçar e... tapar os ouvidos... e... não vou olhar pra baixo, nem pra frente, nem pra esquerda e... nem quero saber o que tem lá na direita. Vou olhar pra cima!!!":
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"Ah... esses vitrais são divinos!!! Não existiam, ainda, quando estive aqui da outra vez. Mas... são deslumbrantes. Esta combinação de cores é tudo de que eu mais gosto!!! Pena... pena existirem tantas peças quebradas... muitas e muitas, fica até difícil tirar fotografia.".
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"E o concreto... não é mais cor de concreto: está pintado de branco (meio que... mal pintado, por sinal) - me fez lembrar a equipe da "lambança". Vamos falar, né... (decolei!!): "Perdeu a força do concreto armado. Esta é, certamente, uma das estruturas mais lindas de concreto armado que já se projetou. Uma aula de esforços. É... entendo... sempre imaginei que aqueles concretos aparentes que a gente projetava no tempo da escola não ficariam incólumes pra sempre. Mas... o branquinho ficou muito frágil! Qualquer cor ficaria... qualquer cor daria sensação de alvenaria. Será que... se lavasse o concreto?... Jateasse?... É... sei lá... último recurso... pintasse mesmo, mas da cor de concreto?"
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"Chega, (Vera). Chega!!! Continue olhando pra cima, mas... desfoque o olhar!!!":
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"Esses anjos flutuando sobre nossas cabeças... é... parece ser possível, pra mim, também, levitar. Isso é lindo!!!"
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"Um tanto que quanto que muito descuidado, mas... seria lindo, caso estivesse inteiro...". (descambo eu, quando o olhar, desobedientemente, refoca)...
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"LINDO!!!" ( quando o olhar desfoca)...
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"Ah, se meu olhar me obedecesse!!!... ficaria horas aqui, olhando pra cima!!!
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"Ai, que lindo... que liiiindo!!!"...
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"Vamos, mãe... Dá tempo de ver outras coisas!".
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"Mas... Bem agora que eu estava começando a entrar no clima?!?!"... Cruel realidade!
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... ...
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Os jardins em frente à "Esplanada dos Ministérios" estavam sendo preparados para a grande festa de aniversário da cidade que aconteceria dali a dois dias. Haviam muitas barraquinhas brancas sendo montadas. Então... eu tinha achado muito natural, até então, aquele toldo branco em frente (e depois eu percebi, na lateral, também) ao edifício do "Itamaraty":
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"Pena, né, Pa... não vai dar pra tirarmos fotografia, assim".
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Foi então que soubemos... são toldos permanentes. Foram colocados ali para que as autoridades não se molhassem caso chovesse, no caminho do carro até o edifício, ainda no tempo dos militares.
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Sério... não dá pra acreditar, mas é verdade. Dói.
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Caso o toldo não fosse de lona branca, e sim de lona preta, eu diria que estava instalado um acampamento de "sem terras" em frente ao "Palácio do Itamaraty".
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Isso é uma vergonha!!! - Como diria, quem mesmo?... ah é: o Boris Casoy (o chato) - . Surtei: "Não quero mais ver esse prédio feio!.".
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Vamos conhecer o "Congresso Nacional".
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Fomos andando... o "Congresso" é bem em fente ao "Palácio (ou seria o (a) "barraco (a)" do Itamaraty"). Andando lentamente... e observando aquele céu que é um espetáculo a parte.
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O céu de Brasília é diferente de tudo que já se viu: ele é em 3D. Estranho, né... Claro que todos os céus são em 3 dimensões. Mas só se percebe que se pode perceber o volume do céu, quando se está em Brasília. Não dá pra entender, mas o céu de lá é sempre, a qualquer hora do dia ou da noite, maravilhoso, com aquelas nuvens cheias de profundidades. E isto é bem conhecido, por lá (e, dizem, por cá, também).
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Fomos descendo a rampa (mais uma rampa!!! - ah... o Niemeyer)... Os espelhos d'água (típico)... eles ficam feios quando vistos de perto... uma sujeirinha gosmenta (e a dengue???).
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O prédio horizontal com as duas torres verticais e os dois pratos: um voltado pra cima e outro voltado pra baixo. O conjunto é lindo!!!
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O prato da esquerda, o que fica do lado do "Senado Federal", está como que incorporado na laje, pesado. O da direita, o que fica do lado da "Câmara dos Deputados" é leve, solto...
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O conjunto poderia lembrar uma balança desequilibrada, mas... o equilíbrio é absoluto e parece ter sido encontrado quando aproximou-se as torres verticais do prato menor, mas tanto (elas estão a cerca de 1/3 do prédio horizontal) que conseguiu-se que estes dois elementos (o prato da esquerda e as torres) formassem um só conjunto... que contrapõe com o prato da direita, muito maior.
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Então... até podemos ter uma balança descentrada (afinal, temos um elemento vertical, um horizontal e dois pratos não equidistantes da torre). Mas é uma balança perfeitamente equilibrada, em repouso.
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Só um gênio pra conseguir fazer o prato menor equilibrar-se com o prato maior, sendo os dois do mesmo material - especialmente se levarmos em conta que é o prato maior que está mais distante do eixo (é... eu me lembro de minhas aulas de "momento fletor"... fui aquela aluna do tipo "cdf". ).
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Enfim... o conjunto todo é muito harmonioso!
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Dentro do prédio... complicou!!! Não conseguia ficar lá dentro. Sou claustrofóbica!!! Sofria!!!
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Bem... é aquela coisa de ser tudo enterrado, sem ventilação, sem ar puro, sem olhar pra fora... e ainda por cima com aquele capetzão (que parecia ser do tempo da inauguração da cidade!!!)... Não dá...
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O cheiro, a umidade (em Brasília!!! - acredite se quiser), os espirros... aquele espaço insalubre. Não, não dá... não dá!!! Um adepto do "Feng-shui" entraria em pânico!!!
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Bom lembrar que nos foi explicado: o enorme saguão de acesso aos plenários havia sido reformado, à época do parlamentarismo... originalmente, possuia uma bela vista para a "Praça dos Três Poderes".
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E eu??? Eu mal conseguia prestar atenção... Palpitação, tremedeira, suor frio, falta de ar... angústia!!! Uma janelinha!!! Uma janelinha, por favor!!!
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Ai que agonia!!! Quero sair daqui!!! Quero sair daqui!!! Onde será que é a saída???
Só um comentariozinho rápido porque... estou passando mal: Os plenários são, ambos, horrorosos. E depois, os plenários não têm nada a ver com os pratos lá encima... (os pratos têm só função plástica, mesmo, como era de se esperar).
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Chega!!! Saí!!! Tô fora... UUUfa!!!
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Bem... A "Praça dos Três Poderes": concreto... calçadas de concreto bruto... É... e mais umas esculturinhas lá pelo cantos (maldade... de novo!!!).
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Claro... o "Palácio do Planalto" (que está fechado, o Lula está despachando de algum outro lugar), na frente do Edifício do "STF". Nunca tinha reparado que os dois edifícios têm a mesma solução arquitetônica (somente os pilares num são transversais à rua, no outro, são longitudinais). Mas é a mesma solução de pilares.
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Atravessando a Praça chegamos ao esperado prédio das duas cunhas, que eu tanto queria visitar, desde o primeiro dia. Trata-se do "Panteon da Liberdade". Mas... o edifício estava em reformas, portanto, fechado à visitação:
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- "Ainda bem, né... mãe!!!"...
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Troca de olhares... (risinho cínico!!!) ?!?!?!...
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- "Sem graça!!!".
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... ...
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Brasília é isso...
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Há dois edifícios governamentais muito bem conservados em Brasília: o "Memorial JK" e o "Palácio Alvorada". O primeiro, a gente explora exaustivamente, pra se convencer da importância do cara, e o segundo, (bem... já se conhece a importância do cara) a gente vê só de longe, mas dá pra perceber o cuidado. Está lindo!!!
O "Palácio Alvorada" está lindo... Foi totalmente repaginado mas conserva, intactas, todas as suas características de arquitetura moderna. Pelo menos externamente!
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É lamentável o abandono de todo o resto da cidade.
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Brasília é uma senhora cinquentona, em franco declínio, totalmente largada, cheia de pendurucalhos, plásticas mal sucedidas e necessitando, urgentemente, de um restauro sério. (não... aqui, não estou fazendo um paralelo comigo, não).
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Enfim... Brasília tem valor... é um "patrimônio da humanidade"... deveria estar sendo respeitada como tal.
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A cidade, realmente, ainda tem muitos espaços vazios, até mesmo dentro do eixo monumental, mas... não considero válido continuarmos a construir esta arquitetura moderna. Somente é válida aquela arquitetura que está lá, construída no tempo certo. Se não deu pra construir tudo lá atrás... e agora outra arquitetura interferiria, vamos parar.
E depois... Vamos ter que encarar: o Niemeyer não é pra sempre... somente sua obra o será (e sua obra física somente o será se cuidarmos dela).
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Vamos parar... e recuperar o que há pra ser recuperado (tudo!!!).
O restauro do "Palácio Alvorada" prova que é possível fazê-lo...
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E a verba??? Bem... há que valer de alguma coisa Brasília ter sido declarada "Patrimônio da Humanidade" pela "Unesco".
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Enfim... este é apenas um ponto de vista... algo pra se pensar. O que é preciso é, efetivamente, um estudo pra resgatar Brasília.
Ao meu ver, falta alguém que veja a cidade com carinho, com amor... com o respeito que ela merece!!!
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Brasília me parece uma cidade carente... pedindo socorro!!! Ela, que deveria encher nossos olhos e almas de orgulho, a mim, ao menos, em muitos momentos, encheu-me de vergonha.
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É preciso salvar a bela arquitetura eterna da nossa Capital Federal!!!

MEUS PENSAMENTOS...

  • Felicidade é ficar sem ar no museu de Van Gogh e, ainda assim, vibrar com o Clube Atlético Paranaense!

PENSAMENTOS ALHEIOS...

  • "Com o tempo você percebe que pra ser feliz com outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela" - Mário Quintana
  • "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" - Chico Xavier
  • "A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las" - Aristóteles
  • "Há tantos burros mandando em homens de inteligência que às vêzes fico pensando que "Burrice" é uma ciência". - Rui Barbosa
  • "Finge-te de idiota e terás o céu e a terra". - Nelson Rodrigues
  • "Somente o bravo mostra suas fraquezas". - desconhecido
  • "Com o conhecimento nossas dúvidas aumentam". - Goethe
  • "A vida se contrai e se expande proporcionalmente à coragem do indivíduo". - Anais Anin
  • "Uma pessoa permanece jovem na medida em que ainda é capaz de aprender, adquirir novos hábitos e tolerar contradições." - desconhecido
  • "Aquele que aprende mas não pensa está perdido; aquele que pensa mas não aprende está em grande perigo". - Platão
  • "Pessoas normais falam sobre coisas; pessoas inteligentes falam sobre idéias; pessoas mesquinhas falam sobre pessoas". - Platão
  • "O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros". - Confúcio
  • "Felicidade é comer jabuticaba no pé". - Flávio Gikovate
  • "Pra ser feliz com outra pessoa você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela". - Mário Quintana
  • "O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética.O que mais preocupa é o silêncio dos bons!" - Martin Luther King
  • "Nenhuma mente que se abre para uma nova idéia voltará a ter o tamanho original." - Albert Einstein
  • "O amor é como o mercúrio. Deixe a mão aberta e ele permanecerá. Agarre firme e ele escapará." - Dorothy Parker, escritora
  • "Há dois tipos de pessoas: as que fazem as coisas e as que ficam com os louros. Procure ficar no primeiro grupo. Há menos competição lá." Indira Gandhi, estadista
  • Você não pode escolher como vai morrer. Mas pode decidir como vai viver agora." - Joan Baez, cantora
  • "A vida que não passamos em revista, sem reflexão, não vale a pena ser vivida." - Sócrates
  • "O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância. Todo o saber consiste em saber que nada sei." - Sócrates
  • "Pedras no caminho? Guardo todas. Um dia vou construir um castelo...". - Fernando Pessoa
  • "Se um problema é grande demais... não pense nele. Se ele for pequeno demais... pra quê pensar nele? - ditado tibetano
  • "Um dia, mais modestos, os homens vão compreender como tudo é frágil e transitório e juntos, vão construir um caminho melhor." - Oscar Niemeyer