"Escrever foi a maneira que encontrei para, palavra por palavra (verbo ad verbum), depurar minhas idéias. É um ato quase inconsciente, necessário, obrigatório... uma terapia!!!

A divulgação do escrito tem a intenção de ir além, ainda, nesta, que não deixa de ser, busca inquietante e incessante do crescimento pessoal."
Vera Regina da Cruz

9 de dez. de 2012

O ATO DE PROJETAR

ESCREVER... PROJETAR... ESCREVER.
Gosto do que diz Oscar Niemeyer: "o projeto começa pela escrita e acaba através dela". Niemeyer esclarece que ninguém (e especialmente o leigo) consegue captar a idéia do projeto, global e minuciosamente, somente através do desenho.
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É, entendo: um rabisco pode ter mil condicionantes... é preciso detalhá-las.
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Assim: pra se aumentar o tamanho de um ambiente não basta levar a parede um pouquinho mais pra lá - como certos clientes pensam que é -, não é mesmo? Uma paredinha 10 centímetros mais pra lá pode ter mil consequências (plásticas, estruturais, funcionais... sei lá!)... Esta mudança vai mexer com o "ego" do arquiteto, criar dilemas, dúvidas, ansiedades... Não que, necessariamente, não dê pra realizar esta mudança, mas é preciso fazer todas as mil análises que a cercam. Somente após essas mil análises, o arquiteto vai encontrar a paz. E, ainda, talvez ele conclua que é mais razoável deixar a parede como está, mesmo, não aumentando o ambiente e sim, por exemplo, diminuindo-lhe a função.
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Então... novo dilema: como é que eu vou explicar isso pro cara (o cliente)? Especialmente porque, no caso, o cara vai pensar que o arquiteto nem se empenhou pra fazer o que ele queria. Não percebe que o arquiteto foi até o infinito, pra tentar atendê-lo (isso, se o arquiteto considerar plausível a solicitação do cliente) e... voltou. Simplesmente: voltou!!! Indo e voltando. Pro cliente, aliás, o arquiteto nem foi.
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O leigo não consegue entender que, muitas vêzes, não se pode ter aquilo que ele quer porque há itens mais importantes a considerar que inviabilizam a sua pretensão... O cliente, via de regra, está focado, obcecado pelo seu objetivo. É função do arquiteto abrir-lhe os horizontes. É preciso ter domínio do projeto e ter um poder de crítica muito aguçado para poder escolher aquilo de que se abrirá mão.
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Mas... é fundamental: muitas vêzes você vai ter que abrir mão de alguma coisa porque as soluções são antagônicas, não se pode ter tudo.
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É muito simples: muitas vezes, não se pode ter tudo. Ponto.
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Como canta Mick Jagger: "You can't always get what you want.".
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E às vêzes, surpreendentemente, o arquiteto abre mão de parâmetros inimagináveis pra alcançar o que ele considera o mais importante. Aliás, considero estar aí o grande diferencial do arquiteto: o saber "abrir mão" ("abrir mão" também é criar).
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Diga-se de passagem, o arquiteto é um despreendido, por conceito, não se apega a nada. Tenho uma amiga arquiteta, por exemplo, que projetou um telhado maravilhoso pra sua casa. O telhado da casa dela é maravilhoso!!! Chove dentro da casa, mas... isso é de menos: o telhado é um desbunde!!! - . O próximo telhado que ela projetar, provavelmente, será um desbunde funcional. Dá pra entender o que é quebrar barreiras? Quebrar barreiras é pensar o impensável.
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O interessante disto tudo é que é justamente aí que reside a evolução... na quebra de conceitos, na quebra de paradigmas. É o rompimento que nos faz crescer.
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É... essa vida não é fácil!!!.
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Estas argumentações, estes vais e voltas do projeto, com o cliente e, especialmente, consigo mesmo, acredito, são a maior angústia do arquiteto. Na verdade este trabalho interno resume o ato de projetar em arquitetura: projetar em arquitetura é a arte de sintetizar todas as mil condicionamentes (estéticas, estruturais, funcionais, culturais, sociais, econômicas, históricas, geográficas, psíquicas, familiares, políticas, físicas, além de infinitas outras - e que variam de projeto para projeto) num traço (melhor... em cada um dos quase infinitos traços que compôem um projeto).
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E depois, o povo quer que eu me lembre onde deixei minhas chaves!!!... Sempre as deixo no lugar,... claro!!! O difícil é lembrar onde é o lugar delas.
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A arquitetura já é bastante complexa quando envolve um só ser humano, o arquiteto... quando envolve uma terceira pessoa, o cliente, torna-se ainda mais. Imagine agradar famílias, corporações inteiras!!!
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Então, de fato... dissecar o projeto através de palavras é um bom caminho.
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Bom lembrar que realizar uma obra de arte, assim como projetar ou escrever, é tarefa que nunca se acaba.
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Observação:
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Essa coisa de dizer que o projeto "começa" pela escrita não tenho certeza se é do Niemeyer ou se é coisa da minha cabeça, mesmo, já que eu, sim, acredito nisso. Niemeyer, certamente, acredita no "memorial descritivo", a palavra descrevendo o projeto realizado. A palavra buscando as condicionantes para o projeto, não tenho certeza se é coisa de Niemeyer, não.
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1 de dez. de 2012

MAIS PRA CÁ OU MAIS PRA LÁ


Vou divagar, um pouquinho... Já dizia Aristóteles: "A virtude está no meio.".
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É... entendo... Optando pela posição do "meio" você não só passa desapercebido como também se posiciona como um cara equilibrado, centrado, não radical... Mas não dá pra extrapolar: no meio também está o covarde, aquele que não se posiciona, aquele que fica em cima do muro! Eu, heim!!!
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Então... acho que Aristóteles deve ser entendido mais ou menos assim: "Pense em cada situação (a virtude está no pensar)... limpe a mente de situações anteriores (estar limpo é estar no meio)... e opte: às vêzes posicione-se no meio, às vêzes à esquerda, às vêzes à direita".
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Quero dizer... A virtude está em você poder pensar onde quer ficar - no livre arbítrio - , mas... não radicalize optando sempre pelo meio e... via de regra: não opte pelos extremos, porque, óbvio, radicalismos normalmente não nos levam a lugar nenhum.
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Só divagações, mesmo...
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Então, concluo: A virtude está ou no meio, ou mais prá cá ou mais prá lá. Nunca muuuuito mais pra cá nem muuuuito mais prá lá. "A virtude está em não estar nos extremos".

SER OU NÃO SER

 
É... é verdade... eu nunca vou deixar de ser mãe... mas também sou filha, mulher, prima, tia, sobrinha, amiga, inimiga (?)... arquiteta, construtora, empreendedora... Ou... será que é isso que eu sou mesmo? Afinal, de essência, tirando fora minha relação com os outros ou com as coisas que o outro sabe que eu faço, deixando só eu... Eu e eu: Quem sou eu, afinal?
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Às vêzes me pego pensando que, tirando a minha relação com os outros e aquilo que eu faço, eu deixo de ser gente e deveria me perguntar: "O que sou eu, afinal?".
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Já reparou que, quando estamos tentando explicar quem somos, ao telefone, por exemplo, sempre levamos em conta quem é e o que representa o nosso interlocutor? Caso o interlocutor seja uma amiga de minha filha, por exemplo, eu digo: "É a Vera, mãe da Paola.". Caso ele seja o marido de minha amiga eu digo: "É a Vera, amiga da Regina.". Caso ele seja um cliente, eu digo: "É a Vera, arquiteta.".

Será que é, mesmo, assim: "o que eu sou depende daquilo que o outro é pra mim?" Credo!!!
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Enfim... Me vêm umas questões assim... doidas... como se eu andasse sem rumo.

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18 de jun. de 2011

AHHH... FRANCISCO BELTRÃO!!!

Meu pai era Promotor de Justiça no interior do estado desde, exatamente, o ano em que eu nasci... Ele foi morar no Sudoeste e vinha nos ver em Curitiba de quando em vez. E nós íamos pra Francisco Beltrão nas férias...
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Gente... era muuuuito difícil ir pra e vir de Francisco Beltrão!!!
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Lembro das longas viagens de jipe que duravam dois dias inteiros... das correntes que eram colocadas nos pneus dos carros pra se conseguir passar por trechos de puro lodaçal... das estradas que, de tão estreitas, pra se cruzarem, um dos carros tinha que ficar escondido dentro do mato ou subir no barranco lateral ao caminho, até que o carro no sentido contrário conseguisse passar.
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O barranco lateral ao caminho, aliás, também era usado quando o jipe perdia o freio numa descida, coisa que devia acontecer com frequencia, pois lembro-me, perfeitamente bem, dos gritos: “Barranqueie!!! Barranqueie!!!” (credo... como é que eu fui me lembrar disto! - barranquear significava enfiar o jipe no barranco pra que ele não continuasse descendo, descontrolado, ladeira abaixo e o estrago fosse, ainda, maior).
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 O motorista do carro tinha que ser meio que seu mecânico, também, pois as distâncias eram muito grandes e não haviam oficinas suficientes ao longo do caminho. Os consertos eram sempre de improviso e inusitados. Minha mãe, por exemplo, sempre tinha lixa de unhas nas viagens. Não sei direito, acho que era pra descolar as velas, o platô (???), ou qualquer coisa assim. Sei que lixa de unhas fazia parte do equipamento do carro. Havia, ainda, uma tal de correia que, virou-mexeu, era substituída pela cinta que segurava as calças de meu pai. Também, ainda, é forte em minhas narinas o cheiro de lona de freios queimada, normalmente de caminhões, em descida de serra.
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Minha mãe, por sinal, era uma excelente co-pilota. Orientava, o tempo todo, o meu pai, olhando pela direita do carro à frente e dizendo: "Vai!", quando se sentia segura pra ultrapassar. Nem consigo imaginar uma situação dessa hoje em dia: é, certamente, muito perigoso. Não sei se era assim porque as estradas eram muito estreitas e meu pai não podia ficar um pouco a esquerda do veículo à frente pra ver à distância, preferindo sempre ficar bem mais à direita, ou, se era assim pra que minha mãe ficasse atenta e participasse, continuamente, da direção (ou seria da aventura???) junto com ele - é, desde cedo aprendemos que os homens não gostam de fazer nada sozinhos - . E... por falar em ultrapassar, isso era o que mais almejávamos quando, à nossa frente, ía um caminhão, normalmente um "fenemê", carregado de porcos. Ai... que cheiro insuportável!!!
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Lembro das longas esperas nas barrancas de rios pra passar de balsa pois não haviam pontes e, também, dos hotéis onde pernoitávamos no caminho que, como as construções em Francisco Beltrão, mais pareciam aquelas construções de filmes do faroeste americano (acho, especialmente, que tinham este aspecto porque elas eram todas de madeira bruta, sem pintura, e a madeira envelhecia, deixando toda a paisagem com um tom meio acinzentado... feio e frio!!!)...
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Lembro-me, também, dos monótonos e gélidos campos de Palmas... trecho de viagem onde eu sempre ficava enjoada dentro do carro, pois a paisagem não mudava nada por quilôôôôôôôômetros a fio. Toda a viagem era terrível, mas este trecho era especialmente terrível...
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Eu adorava Francisco Beltrão... Lembro de uma ocasião em que, já quase chegando na cidade, na serrinha próxima, meu pai perdeu a direção. O jipe começou a rodopiar. Rodopiava, rodopiava... naquele lamaçal. Até que o carro parou no sentido contrário ao que estávamos indo... Esta história é sempre lembrada na minha família... Eu, pequenininha, comecei a chorar e dizia, porque o carro estava no sentido contrário ao de Francisco Beltrão: "Eu não quero voltar pra Curitiba... Eu não quero voltar pra Curitiba... ". Claro, né... todos caíram na gargalhada. Meu pai arrumou o sentido do jipe e seguiu viagem... pra Francisco Beltrão.
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Lembro-me perfeitamente bem de quando o Brasil perdeu a Copa do Mundo de 66 (na Inglaterra, eu acho)... Fazendo a viagem de volta pra Curitiba, nos campos de Palmas, escutávamos tocar no rádio: "Feola... por favor vá embora... é minh'alma que chora... está vendo o meu fim..."... uma paródia à música "Tristeza", cantada por Jair Rodrigues, e que fazia sucesso, à época.
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Falando em música, não posso deixar de lembrar que gostava muito de escutar "Julia", dos "Beatles", no rádio quando a música foi lançada (adoro a música até hoje). Por acaso, Julia é o nome de minha mãe. Aliás, somente muito mais tarde, vim a compreender a real importância deste nome na história de minha família...
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E também lembro com muita clareza, até mesmo do lugar do quintal aonde me encontrava, da primeira vez em que ouvi "Sgt. Pepper's", na minha vida. Aquela música "was so weird to me"... com todos aqueles sons estranhos e paradinhas e vais e voltas e altos e baixos. Lembro de ter ficado impressionada com aquele som. É muito clara pra mim, esta lembrança!!! Só agora, olhando a história, posso mensurar a dimensão do que estava sentindo na ocasião, pois o álbum da banda é considerada uma revolução musical.
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Voltando a Francisco Beltrão... lembro, ainda, das apavorantes viagens de téco-téco - que era como se chamavam aqueles aviõezinhos monomotores (eu acho...) que meu pai contratava, eventualmente, pra nos poupar da viagem por terra, já que não havia vôo de carreira.
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Lembro do pó vermelho. Não era terra aquilo que se via no chão. Era pó... de tão soltinho e fino. Brincando no porão da casa, certa vez, deitada de barriga pra baixo, saí de lá e fui, correndo, ter com minha mãe pra saber o que eram aqueles pontinhos pretos na frente de todo o meu corpo.  Ela, apavorada, apressou-se em catar, um por um, os bichos de pé, antes que eles acabassem de adentrar o meu ventre.
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Meu pai trazia pra casa, todas as semanas, no verão, nove ou dez melancias enormes dentro do jipe pra aliviar-nos do calor quase insuportável da cidade. Quando ele não trazia melancias, íamos até as chácaras dos colonos pegar uva do parreiral pra nos deliciarmos, lá mesmo, no pé, e depois, ainda, em casa. Era muita fruta fresquinha que comíamos...
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Lembro-me de uma vizinha, a "Geni dos gatos", que tinha dúzias dos bichaninhos. Lembro-me de que foi em Francisco Beltrão que aprendi a andar de bicicleta, aos 3 anos e meio. Lembro-me muito bem do meu prato fundo de ágata, branco, decorado com frutinhas vermelhas e folhas verdes, onde eu gostava de comer tudo separado: primeiro o arroz, depois o feijão, depois a carne... sei lá o porquê (na verdade, acho que minhas manias vêm desde então).
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E lembro, também, dos banhos de bacia que minha mãe nos dava, sobre a mesa da cozinha. Certa vez, eu, pequena, já sem roupa, mas, ainda de bota ortopédica, entrei na bacia quando minha mãe, preparando o banho, havia colocado somente a água fervente na bacia e ainda não tinha misturado a água fria. Talvez seja esta uma de minhas memórias mais remotas, mas, não tenho a lembrança completa. Eu quero dizer, não me lembro de ter queimado os pés e nem da dor que, certamente, teria sentido. Acho, na verdade, que a botinha que eu usava era algo de tão hermético (além de, isso me lembro bem, horrorosamente desconfortável) que, provavelmente, a água não conseguiu vencê-la. Uuuuufa!
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E... lembro também dos banhos, mais tarde, quando eu já era crescidinha, de chuveiro de campanha. Este chuveiro é um tipo de balde grandão, cuja alça é amarrada a uma corda que passa por uma roldana no teto e a gente prende a outra ponta num prego da parede. A gente abaixa o balde pra colocar a água e depois levanta, amarra a corda na parede e fica sob ele, abrindo uma torneirinha que tem por baixo para banhar-se. Era bem legal este banho, mas, uma vez, meu pai, pesadão, à época, tomando o seu banho sobre o chão de madeira que, claro, apodrecia com a água, quebrou as tábuas do piso e foi parar, peladão, lá na terra, mais ou menos um metro abaixo do piso da casa. Foi a maior gritaria: "Juliiiiiiinha!!!!!!"
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Água, por sinal, era uma dificuldade! Não havia água encanada, então, ela era bombeada, a mão, num espaço, lá fora, depois da varanda que circundava a casa, perto da garagem e do banheiro de tomar banho. Pois é... haviam dois banheiros, o outro, ficava aos fundos do terreno e tinha dois ambientes, um para os adultos, outro para as crianças. O das crianças, como o buraco da tábua pra se sentar era menor, tinha espaço pra duas crianças ao mesmo tempo... dava pra ficar batendo papo. Eiiia, que lembraça mais idiota!
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Enfim... lembro do pão quentinho embrulhado em uma folha de papel pardo que era rodopiado nas pontas pra não se soltar (era um tipo de pão francês, mas, era grandão e não era uma baguete porque uma baguete é muito fina)... Lembro da sorveteria, onde o meu pai nos levava sempre que eu pedia, do Hotel Dalla Vecchia, na esquina da nossa casa, da gritaria dos porcos de nossos vizinhos em época de abate, da comida do restaurante do Severino (especialmente do bife a cavalo - que eu não conseguia entender porque tinha esse nome - se fosse ôvo a cavalo, quem sabe eu teria desconfiado).
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Lembro de que eu gostava de brincar sozinha embaixo da mesa e de que, certa vez, minha irmã, pouco mais velha que eu, veio me acompanhar. Minha mãe, estranhando tamanho silêncio, foi espiar lá embaixo e pegou minha irmã, com uma tesourinha ponteaguda, dizendo pra eu ficar bem quietinha e parada enquanto ela cortava os meus cílios. Ai, ai... crianças!!!
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Lembro da árvore de figos, da árvore de caquis, da pereira onde ficava amarrada uma balança da qual, certa vez, eu caí, ficando desacordada por muito tempo, e lembro da macieira da vizinha onde, em uma ocasião, para pegar suas frutas, colocaram-me (minha irmã e a Cristina Pieruccini) em uma escada apoiada sobre uma cerca de tabuinhas ponteagudas. A escada escorregou e eu fiquei, pra sempre, com uma cicatriz superficial enorme na barriga. Não faz mal... as árvores sempre foram minhas grandes companheiras... adorava subir nelas e, com elas, brincar.
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Lembro da sala de cinema onde o Dr. Kit Abdalla fazia apresentações de teatro de comédia, das nossas fantasias de odalisca e de bailarina, no carnaval, do campo de aviação, onde, certa vez, em uma festa, acho que de aniversário da cidade, o mesmo Dr. Kit soltou do avião um boneco de tamanho natural, fantasiado de paraquedista, apavorando toda a platéia que assistiu, atônita, o "homem" espatifar-se no chão.
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Falando em Dr. Kit, claro, lembro de outros amigos de meus pais: o Dr. Walter Pecoits, a D. Manoela, o Dr. Aryzone com o seu filho o Aryzoninho, o Dr. Rubens e a Dra. Diva Sanson Martins (tinha mais médicos do que população na cidade), o Dr. Mário e a Maria Tereza, os Pieruccini, o Martinho Faust (cujos filhos iam entregar leite, em domicílio, a cavalo, com uma espécie de sacola retangular de pano que passava por sobre o animal, entre a sela e o cavaleiro, e que tinha escaninhos costurados nas laterais onde se encaixavam os litros de leite, acondicionados em garrafas de vidro de formato comum).
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Ahhh.... Francisco Beltrão!!!...

29 de mai. de 2011

O PACOTE COMPLETO

Esta história de claustrofobia, percebi outro dia, é coisa de arquiteto. É outra das coisas de arquiteto, melhor dizendo. Em uma reunião com minhas amigas do tempo da faculdade estávamos em cinco - CINCO - arquitetas, e todas, sem exceção, tínhamos desenvolvido problemas com claustro.
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Arquiteto é maníaco, mesmo. Você aí, arquiteto, vai me dizer nunca ter suspeitado que tivesse algum problemazinho de "toc" (transtorno obssessivo-compulsivo), síndrome do pânico, claustrofabia ou de alguma outra mania qualquer!!!???
Eu, de minha parte, confessando que, indubitavelmente, passo por sintomas de todos essas síndromes e transtornos, e, talvez, até, de outros, além de sofrer, ainda, com características de algumas doenças auto-imunes e/ou psicossomáticas, garanto: meus anos de análise fizeram de mim uma pessoa muito menos insuportável!!!
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Não... não... tranquilo!!! Eu não vou entregar tudo, não!!! Cada um que cuide de si!!!

10 de abr. de 2011

O HOMEM E O MEIO


Não dá pra negar "Darwin": As espécies evoluem!!!
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Acho que funciona mais ou menos como quando comparamos a relação que nós (de nossa geração) temos com o computador e a relação que nossos filhos têm com a máquina.
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Parece que eles já nasceram sabendo o que nós sabíamos (será que o "inconsciente coletivo" tem algo a ver com isso?") e foram muito além... A coisa toda fica muito mais fácil pra eles.
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Parece isso... e acho que tem a ver... mas, acredito que a história tem muito a ver, também, com a "resistência a mudanças" do ser humano.
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Assim:
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Nós resistimos ao computador porque ele representa uma mudança para nós. Nossos filhos nasceram com ele. A máquina não representa uma mudança para eles. Ela está ali, impondo-se, náo é somente uma opção. É o meio determinando o indivíduo!
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Então, acredito, a "Evolução das Espécies" tem a ver com o contexto, o meio, o habitat,  determinando alterações profundas no indivíduo... alterações até mesmo genéticas.
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Assim: O homem altera o meio... que altera o homem... que altera o meio... que altera o homem... ...
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Indo e voltando...
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Afinal... é a terceira "Lei de Newton": "A toda ação corresponde uma reação.".
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Bem... nem é bom pensar... mas... é claro que esta ação pode ser uma ação do mal determinando, no caso, uma involução - e não uma evolução.

5 de abr. de 2011

A ARTE DE PROJETAR

O PROJETO E A CONSTRUÇÃO
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Ah, as cruéis diferenças entre a prancheta e a realidade!!!
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Este é um assunto seriíssimo.
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Quando comecei a construir, desistindo, então, de somente projetar (e construindo, necessariamente, somente aquilo que projeto), o fiz porque me dei conta de que, somente projetando, eu me quebrava de tanto trabalhar e os louros (eu quero dizer: o dinheiro) iam para outro. Cansei!!! Afinal, penso: "também tenho família pra sustentar!"
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Amo o processo criativo do projeto, apesar do desgaste e do cansaço (pra não dizer... esgotamento) que ele sempre traz, mas, pé no chão como sou, não poderia continuar me acabando só com o projeto (já que eu garanto: o bom projeto suga toda a energia do projetista).
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Ninguém valoriza o projeto da forma como ele deve ser valorizado... especialmente, acredito, por um motivo básico: sempre que um projeto é bom, ele é simples. Você vê um projeto bem realizado e o considera óbvio... tão óbvio que: "Claro que tinha que ser esta a solução, não há outra possível.". Então... parece fácil. Só parece. Não é.
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O bom projeto é simples e até mesmo... o bom projeto é óbvio (que saco!!!), mas não é fácil chegar lá. Atingir a simplicidade é tarefa árdua. (e esta premissa é válida pra tudo nesta vida, não somente para o processo criativo de um projeto). Além disso, só pra completar:... é na simplicidade que está o valor... de tudo.
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Certa vez li uma propaganda da "Apple" certamente apoiada por Steve Jobs (de quem, por sinal, eu não sou fã fervorosa) que resume o conceito da empresa: "A simplicidade é máxima sofisticação". Fazer o quê... tenho que concordar, não é? 100%.
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Muitas vêzes o cara vê um projeto cheio de rebuscamentos, vais e voltas, e o considera difícil de ser atingido. Engana-se: O difícil é atingir o simples. O difícil é atingir o óbvio! Meu!!!: é muito trabalhoso!!! Exige muito empenho e dedicação e o mais irritante, como já disse: o resultado é óbvio!!! Tão óbvio que dá raiva: "como é que não fiz isso de cara!!!".
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Somente a maturidade traz a paciência pra entender que é necessário passar por todo um processo exaustivo pra se atingir bem um objetivo. Nada vem de graça, não é mesmo?
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Sempre entendi que todo projeto tem que ser tão bonito a ponto de poder ser pendurado na parede: é uma obra de arte. O bom projeto tem que transmitir emoção, como um Van Gogh, por exemplo. O bom projeto tem que ter equilíbrio, cor, força, temperamento, audácia, como qualquer pintura que se preze. Então... um projeto de arquitetura é um quadro. Algo pra se pendurar na parede, mesmo.
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Em certa ocasião, explicando a uma amiga para quem estava fazendo um estudinho, a minha dificuldade em desvincular a planta do volume do projeto, defini arquitetura como poesia: tudo tem que rimar. É mais ou menos isso.
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Desde que comecei a construir, passei a entender que o objetivo do arquiteto vai muito além do projeto pra se colocar na parede... Passei a entender que o objetivo do arquiteto é a obra acabada, em si. O fim do projeto é se tornar uma pintura, mas o objetivo do arquiteto vai além... é transformar a sua pintura em uma escultura funcional!!!
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Desde que comecei a construir, passei a dar menor importancia pro papel (sem menosprezar, em momento algum, o seu valor) e maior importancia pra construção (a maquetinha 1:1). Passei a entender porque nos países evoluídos é o arquiteto quem tem a atribuição de tocar uma obra. Somente depois que passei a tocar obra (coisa que o fiz, inicialmente, de forma mercenária) é que consegui perceber o encanto que há por trás desta tarefa (e a inutilidade de 50% de tudo aquilo que os arquitetos colocam no papel, da forma como vem sendo feito).
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Detalhamento, por exemplo: claro que o detalhamento é importante!!! Mas entendo que o detalhamento deve acompanhar a obra (a partir de determinado ponto). Muitas vezes, por uma eventualidade da obra, que, esqueça, não pode ser prevista, uma porta tem que passar a não mais existir (exemplo, claro)... então... todos os desenhos que envolviam o detalhamento daquela porta são simplesmente jogados no lixo (baldes de suor de arquiteto jogados ralo abaixo). Além disso, a janela que passa a existir no lugar daquela porta, (exemplo de novo, óbvio), não fica acompanhada de seu respectivo detalhamento: vale uma janela qualquer, mesmo!!!
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Também passei a entender que de nada adiantam aqueles desenhos todos rebuscados que mais parecem uma fotografia da obra. O final do trabalho do arquiteto não é aquele desenho maravilhoso, com nuvens volumosas no céu azul e com aquela menina levando o seu cachorrinho pra passear em frente à obra. Isto é molho!... é desenho de venda (algo pós o trabalho do arquiteto). O que interessa, para a obra, é o prato principal, não o molho!
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O leigo precisa entender o volume porque... qualquer um vai conseguir imaginar o céu e a menina passeando em frente à obra
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Certo é, devo admitir, que para definição de materiais e cores, e pra que se consiga fazer bons estudos de iluminação, as novas técnicas de desenho têm nos ajudado bastante.
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O objetivo do trabalho do arquiteto é a obra realizada. O desenho é só um meio de se chegar lá. O desenho pode ser simples (aliás, deve). Ele precisa ser claro, objetivo, completo e... importantíssimo, o desenho precisa ser conciso: o desenho não deve repetir informações. Como diria, meu "mestre" - da prática - o Onaldo (Pinto de Oliveira - arquiteto já falecido), o desenho é "precioso" (e ele queria atingir, ao dizer isso, os dois sentidos da palavra: o da precisão e o da importância).
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Também entendo que o arquiteto de verdade não é o cara que traz o projeto pro escritório pra outros arquitetos desenvolverem, como a gente vê em muitos escritórios, por aí (especialmente naqueles onde o arquiteto já ficou famoso). Este é o angariador, o empresário. O arquiteto é o cara que põe a mão na massa (na cinzenta, especialmente) e determina, pessoalmente, o rumo de um projeto, de uma obra.
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O arquiteto deveria, sempre, ajudar a tocar a obra que realiza o seu projeto (e não ir lá, eventualmente, pra ver como as coisas estão andando). Indispensável, claro, também, é a presença do engenheiro.
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Entendo, hoje, então, que a função do arquiteto não acaba na prancheta, acaba, sim, na entrega das chaves.
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UUUUUUUUUfa!!!!!
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Pra finalizar... um comentário de Niemeyer sobre a sua obra: "O importante é olharmos pro céu e nos darmos conta de o quanto somos pequininhos...".
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18 de mar. de 2010

"OITENTA!!!"


Quero aqui registrar uma lembrança da minha infância... uma lembrança que me fazia levitar, literalmente, no passado, e que, ainda hoje, me faz flutuar... se bem que, dessa vez, metaforicamente.

É a lembrança de quando meu pai brincava comigo de “fazer aviãozinho”.

Lembro-me de que ele brincava com meus irmãos, também, então... aquele que não estava brincando, ficava ali, ao lado, na fila, ansioso... aguardando a sua vez.

Na brincadeira o pai, deitado de costas na cama, com as pernas flexionadas e segurando firme as mãos da criança - que está com o ventre apoiado em seus pés, olhos nos olhos - impulsiona-a para cima e para frente, suspendendo-a ao ar e sustentando-a até que ela alcança o equilíbrio.

A criança também faz sua parte, ficando durinha, e então, quando se sente segura, ela vai soltando as mãos - agora, já deliberadamente frouxas - do pai, e vai abrindo os braços, corajosamente, olhando sempre à frente, e... voando, enfim, em puro deleite: FELICIDADE!!!

Meu pai:
Obrigada por ensinar-me a ter expectativas... por ensinar-me a cultivar meus sonhos.
Obrigada por ensinar-me a ter paciência e perseverança.
Obrigada por ensinar-me a não desistir... por ensinar-me a aguardar a minha vez.
Obrigada pelo impulso, pelo equilíbrio.
Obrigada por não me soltar antes da hora... por me fazer cumprir a minha parte.
Obrigada pelo sustentáculo, pela segurança, pelo apoio.
Obrigada por ensinar-me que é preciso correr riscos... por ensinar-me a ser autônoma, segura, independente.
Obrigada por ajudar a fazer de mim, a pessoa que eu, hoje, sou.

Obrigada, meu pai, enfim... por mim.

Vera

5 de set. de 2009

ARISTÓTELES

Estive estudando Aristóteles, outro dia, e achei algumas premissas suas muito interessantes. Repasso-as:

- Do fundo de um poço, acontece descobrir-se as estrelas.

- A dúvida é o princípio da sabedoria.

- O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete.

- Se as coisas não acontecem como desejamos, deveríamos desejá-las do modo como elas acontecem.

- Alguns seres, quando nascem, estão destinados a obedecer... outros, a mandar.

- O corpo atinge a perfeição aos 35 anos... a alma, aos 50.

- É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.

- Somos aquilo que fazemos repetidamente. O mérito não está na ação e sim no hábito.

- Ter muitos amigos é não ter nenhum.

- Para nos mantermos bem é necessário comer pouco e trabalhar muito.

- Em arte, o impossível verossímil é preferível ao possível não acreditável.


- A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las.


Mas o mais brilhante, mesmo, é seu texto: "A revolução da Alma", escrito em 306 A.C., que inicia assim:


Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregue a sua alegria, a sua paz, a sua vida nas mãos de ninguém, absolutamente ninguém.

Somos livres, não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja.

A razão de ser da sua vida é você mesmo.

4 de mai. de 2009

A GRANDE FAMÍLIA

Filosofia da Marilda: "Homem, mesmo quando é diferente, é tudo a mesma coisa!!! ""

HE, HE...

1 de mai. de 2009

UM ARQUITETO EM BRASÍLIA

ou seria: "Brasília e eu" ?

Aproveitei um final de semana desses, prolongado, e fui visitar minha filha que está morando em Brasília. Somente havia estado na cidade uma única vez, há muito tempo. Na verdade, éramos adolescentes (Brasília e eu) quando nos conhecemos. Não era eu, ainda, nem estudante de arquitetura, mas, já apaixonada pela matéria, Brasília foi, certamente, um prato e tanto...
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Meu primeiro encontro com Brasília foi, na verdade, uma rápida passagem pela cidade, antes de eu embarcar para fazer intercâmbio. Naquele tempo, fazer intercâmbio era algo de tão raro que estudantes de todas as regiões do país se reuniam na capital federal e era fretado um avião para que fizessem a viagem (no nosso caso, foi fretado um avião da "British", e lembro que os meninos quase enlouqueceram as aeromoças inglesinhas, de tanta bagunça que fizeram, por pouco não derrubando a aeronave). Face à distância do fato e à sua brevidade, somente guardo na memória alguns seus poucos flashes acinzentados.
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Lembro de que eu via da janela do meu quarto de hotel, por exemplo, o "Palácio Alvorada" (a moradia do Presidente da República); lembro, vagamente, do "Teatro Nacional" (mas, que lembrança mais esquisita!); lembro da torre de televisão (a trôco de quê?... cada coisa pra se lembrar!!!); lembro do "Monumento aos Candangos", que, pra mim, à época, era enorme!!!... (Muito estranha esta sensação de nos lembrarmos de coisas do tempo em que ainda não havíamos acabado de crescer, muito maiores do que de fato elas são, não é mesmo?) E, finalmente, lembro, com certeza, da visita à maravilhosa "Catedral de Brasília".
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Estranho eu não ter o menor vestígio de lembrança de já ter visto pessoalmente alguns marcos muito importantes da arquitetura e do planejamento urbano de Brasília como a "Praça dos Três Poderes", por exemplo, como o edifício do "Congresso Nacional" (sede do Poder Legislativo), como o "Palácio do Planalto" (sede do Poder Executivo) e como o edifício do STF (sede do Poder Judiciário). Não me lembro, tampouco, do prédio do "Itamaraty", que eu considero um dos projetos mais lindos do Niemeyer - um dos poucos onde se revela o cuidado do arquiteto (diga-se de passagem), e não me lembro nada das quadras com os edifícios habitacionais. Outros marcos de Brasília, eu considero menos importante não lembrar, e alguns outros, ainda, nem ao menos existiam à época: justifica-se.
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Fiquei, ainda, chocada ao constatar que jamais havia estudado Brasília em minhas aulas de "PUR" (Planejamento Urbano), já que em muitos momentos, ao longo de minha estadia, me senti como que assistindo a uma aula da Mirna. Mas que nada a ver... será por quê???
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Sobre o planejamento urbano de Brasília somente sabia o que todos sabem: o projeto de Brasília tem formato de "avião". Hoje percebo que o "plano piloto" de Brasília, na verdade, vai muito além das asas e do corpo do conhecido "avião".
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Mas... a sensação de estranheza me acompanhou em muitos momentos...
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É estranha, por exemplo, a sensação que se tem logo quando da chegada à cidade (se isso acontecer pelo caminho que eu percorri, ao menos, por fora "do avião")... Não se percebe que já se está em Brasília, a não ser quando se chega em casa. Parece que a cidade ainda vai começar ou que você ainda está em uma periferia remota. Não. Brasília é isso mesmo. Você já está nela. O coração da cidade é logo ali: dá pra ver o "Congresso Nacional" dali, daquele lugar que parece ermo.
Brasília, na verdade, pra quem está por fora do "avião" (e, hoje, muita gente mora fora dele), parece ser montes de estradas ligando nada a coisa nenhuma (que maldade!!!)... O mais marcante em Brasília são suas vias de ligação, que mais parecem aquelas auto-estradas norte-americanas (e esta era, de fato, a intenção de Lúcio Costa). Elas, as vias de ligação, deveriam ser o cartão postal de Brasília, e não, nenhum de seus edifícios.
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As vias são tipo estrada mesmo, pois não há nem ao menos calçadas ou jardins ao longo de suas laterais. Há mato... há cerrado. Fácil constatar que, nem ao menos trazendo todo o rebanho da Nova Zelândia pra pastar ali, seria possível manter podada toda aquela enorme extensão de mato.
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"Estamos no "Setor das Embaixadas"", diz minha filha... "E cadê as casas? As Embaixadas? Cadê uma construçãozinha? Bem... acho que tem que entrar em alguma rua... não dá pra ver nada desta auto-pista. É... dá pra ver umas placas indicativas: "Setor Hoteleiro", "Setor de Hotéis de Turismo Norte", "Setor de Clubes", "Setor de Mansões Isoladas". Mais tarde confirmei: você, realmente, tem que entrar numa estrada lateral e vai encontrar algum hotel... algum clube... alguma mansão... Um cá... o outro muuuuuito acolá.
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E esta coisa de manter o nome dado ao "setor" quando do projeto é "algo"... Parece que estou vendo o Lúcio Costa, sentado na prancheta e rabiscando no papel: aqui vai ser o setor de mansões isoladas. E o nome ficou: "Setor de mansões isoladas". "Nossa... mas que pedante!!! Não dava pra trocar de nome só pra que se eu, um dia, pudesse sonhar em morar lá (e quisesse), não viesse a me sentir tão culpada?"
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Estou dando um exemplozinho... mas é tudo assim! Tudo parece que saiu da prancheta e não deu pra trocar de nome. Talvez por falta de tempo ou, quem sabe, por falta de interesse, de amor, de carinho, de vínculo, sei lá. Nada justifica.
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Brasília é bem assim, mesmo: ruas e mais ruas que mais parecem estradas e mais estradas... Tudo muito distante e escondidinho... Pra quê tanto nada??? É muito esquisito... Tudo bem não gostar de "selva de pedra", mas... não... exagero! Cadê a civilização?
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Como eram diferentes os conceitos de distância à época em que nossa capital foi projetada. Acho que se Brasília houvesse sido projetada após a crise do petróleo de 1973, certamente as distâncias seriam outras... já não predominaria esta postura megalomaníaca norte-americana.
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Hoje, tenho certeza, com os novos parâmetros de "arquitetura sustentável" (ou arquitetura "bioambiental", como insistiria minha amiga arquiteta Neli, estudiosa do assunto), as distâncias seriam mais curtas (muuuuuito mais curtas). Não existiriam espaços vazios. É em função deste raciocínio, que, em muitas cidades, como em Curitiba, por exemplo, paga-se valores maiores de "imposto predial e territorial urbano - IPTU", quando o terreno não é ocupado: falta de ocupação urbana é sinal de infra-estrutura desperdiçada.
O que dizer quando uma cidade dá a impressão de não ter ocupação urbana... só infra-estrutura?
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Não admira que dizem que em Brasília não há esquinas já que... estradas também não têm esquinas. Bem... mais ou menos verdade, isso de dizer que em Brasília não há esquinas... Brasília não tem cruzamentos, nunca. Mas... uma "rua" pode chegar na outra, então, Brasília tem encontro de ruas (claro, né... nem seria possível de outra forma). É... uma "rua" chega na outra depois de uma looooonga curva, ou de uma rotatória, então... não é uma esquina convencional (tipo... 90 graus). Esquina convencional quase não existem em Brasília.
E cruzamentos, não existem, mesmo, de jeito nenhum (ou passa-se por cima, ou passa-se por baixo, ou faz-se retorno, ou simplesmente segue-se adiante). Não existem cruzamentos em Brasília, em compensação... muitas vezes você parece que segue adiante até o fim do mundo(!!!)... e depois, volta tudo atrás, pra o começo dele.
Ainda... você acaba tendo que aprender a como entrar e a como sair daquelas rotatórias... ...Ah!!! tô de má vontade... é facilzinho: questão de hábito, mesmo.
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Depois... tenho que destacar uma coisa fantástica em Brasília: o pedestre colocou o pé na faixa, o carro pára. Muito legal... parece Estados Unidos. Além disso, não arrisque passar no sinal amarelo: é multa certa.
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Por outro lado, cara!!!: os endereços de Brasília (o que é isso???)... Credo!!! Quando ainda estávamos em Curitiba, não conseguíamos, a Paola e eu, localizar nada em Brasília. Colocávamos no "Google Earth", escrevendo por extenso "Setor de Hotéis de Turismo Norte", por exemplo, ou abreviando SHTN, como eles dizem, e não achávamos nada. Não tem como encontrar um endereço em Brasília. Eu achava, que não se achavam os endereços de Brasília estando aqui, em Curitiba... mas não: não se acham os endereços de Brasília estando lá, em Brasília, mesmo.
E depois... Brasília não tem nome de rua (como qualquer cidade que se preze). Não! Pra quê nome de rua? Quando você quer saber o endereço de alguém, você consegue, no máximo, a sua localização: Setor "tal", quadra "tal", lote "tal". Daí, é como se eu estivesse lendo uma matrícula de registro de imóveis: tem que ter o nome do loteamento, o número da quadra e o número do lote (normalmente, até o "registro de imóveis" exige o endereço, além da localização). É o projeto do loteamento puro, ninguém se preocupou em dar nomes pras ruas e números pras casas, como sempre acontece depois, em qualquer cidade.
Cara... todas as cidades deste mundo têm nomes de ruas e todas as suas edificações têm números!!! O que acontece com Brasília??? Seria este um país sem heróis que pudéssemos homenagear atribuindo a uma rua o seu nome? Ou será que não conseguimos chegar a um consenso nem em questões tão do "dia a dia"?...
Bem... todo o projeto, não importa se de urbanismo, de arquitetura, ou "whatever" obedece uma lógica (nem que a lógica seja o caos). Óbvio, então, que a localização das quadras e das "vias de ligação" de Brasília obedecem esta lógica. Há uma numeração, atribuída às quadras e às "vias" que é lógica, se estamos dentro do "avião".
Assim:
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O "avião" que constitui a cidade de Brasília voa para Leste e tem dois enormes eixos: O "Eixo Monumental" (direção leste-oeste), formando o corpo do avião e ao longo do qual estão todos os edifícios governamentais e o "Eixão" (direção norte-sul), com cerca de 15 km de extensão, formando as asas do avião e ao longo do qual vão acontecer as quadras habitacionais (e o acesso a algumas autarquias, quando se está próximo ao "Eixo Monumental").
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O "Eixo Monumental" constitui-se de um jardinzão no meio com uma rua que vai (sentido leste-oeste) - a "Via N Um Leste" e uma rua que vem "Via S Um Leste". Estas ruas, ao atravessar o "Eixão", vão se transformar na "Via N Um Oeste" e na "Via S Um Oeste". Deduz-se que a próxima rua paralela ao "Eixo Monumental", depois destas são a "Via N Dois Leste" e "Via S Dois Leste" que vão se transformar, após a travessia o "Eixão", na "Via N Dois Oeste" e na "Via S Dois Oeste". Parece que acaba por aí. Não há mais vias de ligação na direção leste-oeste, pois, estando dentro das áreas habitacionais, estas ligações não são desejáveis.
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Já, formando as asas do avião, existe o "Eixão com seus "Eixinhos" (um de cada lado do "Eixão"). Paralelamente a estes eixos, lembro da L-2, da L-3, da L-4, e da W3. As vias que estão do lado leste do "Eixão" começam com "L". Muito bem. As vias que estão do lado oeste do "Eixão" começam com "W". (Mas é muuuuuito chique, heim!!! - tô demasiado irônica, hoje.). Bem... e a numeração destas ruas vai crescendo na medida em que se afastam dos eixos. Eu acho que a L-1 e a W-1, por exemplo, devem coincidir com os "Eixinhos", ao longo do "Eixão. E não me lembro de nenhuma W-2 nem W-4, mas, pela lógica, elas devem existir, também. Eu não sei.
As quadras têm numeração formada por três dígitos. Aquelas que estão pro lado oeste do "Eixão" têm primeiro dígito "1" (na primeira quadra de afastamento do "Eixão") e "3", na segunda. As quadras que se encontram pro lado leste do "Eixão" têm primeiro dígito "2" (na primeira quadra de afastameto do "Eixão") e "4", na segunda. Os segundos e terceiros dígitos do número das quadras, de um lado e do outro do "Eixão", identificam a distância que as quadras se encontram do "Eixo Monumental". Como são dezesseis quadras, desde o "Eixo Monumental" até o finalzinho de cada uma das asas do avião, então, a primeira quadra partindo do "Eixo Monumental para o Sul e para o Oeste, chama-se "SQS-101", por exemplo, e a última quadra partindo do "Eixo Monumental" para o Norte e para o Leste, chama-se "SQN-416". É isso. Se bem que, em minha cabeça (......) eu as chamaria, respectivamente, SQSO-101 e SQNE-216.
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Então... os nomes das ruas e das quadras têm uma organização cartesiana. Maior formalidade, impossível. É mais ou menos como se ao apresentar uma pessoa a outra, você não dissesse o seu nome, mas falasse o seu número de CPF e RG (ou então, desse a localização: este cara é filho de "fulano de tal" com "fulana de tal"). Absolutamente correto, sem sombra de dúvidas.
Conhecendo-se tudo isso, fica fácil saber onde estão as coisas dentro do "avião". Pelo menos, fica fácil imaginar o lugar de maneira macro, a quadra. Agora, de maneira micro, a edificação em si... Vire-se!!! Pergunte (se você conseguir encontar alguém andando pela rua - uma raridade)... Afinal: "quem tem boca vai a Roma"...
Imagine a Paola e eu tentando encontrar o caminho para a "Academia de Tênis", e ziguezagueando em volta do "Palácio Jaburu": "Não, mãe. Eu que não vou confessar ali pro guardinha da casa do "Zé Alencar" que estou aqui, "perdidinha da silva". Eu, que não!". "É... é constrangedor, mesmo... Tudo bem!". Pois é... chegamos a "Roma" depois de um looooooongo percurso, muita sorte e infinita determinação!!!
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Isso já aconteceu fora do "avião", não tenho nenhum exemplo dentro. Fora do avião, onde a organização não é assim, cartesiana, fica mais ou menos assim, só pra dar mais um exemplozinho, se me permitem:
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Tenho uma prima que mora em Brasília há oito anos. Ela não mora no "avião", mora numa chácara, lá pros lado do "Lago Norte" e queria me encontrar. Como eu não estava a fim de viajar até a casa dela, convidei-a pra me fazer uma visita na casa da Paola, que também não mora no "avião": "E o endereço?". "Setor tal", quadra tal, lote tal. Ok?!?!". "Ah, tá, "Setor tal e coisa..."... "Não, Milta, Setor tal". "Hã... e como é que chega aí?". "Bem... filha explica pra ela". "Você está aonde? Então... você vem pela "tal", vem... vem..., daí passando "não sei o quê" tem uma placa escrito "x", vira na próxima, tem um contorno, presta atenção... você vai ter que voltar, mas só um pouquinho, vira à direita e depois à esquerda, tem o nome do condomínio "Solar.... não sei das quantas". É ali. Entendeu?". "Vou chegar mais perto e telefono. Já estou saindo". Muuuuuito mais tarde: "Tem uma pizzaria aqui na esquina"... "Não, não, já passou, volte uns tantos quilômetros, vire à direita e à direita de novo... tem uma faixa onde está escrito o nome de um restaurante... siga a faixa, mas dobre antes de chegar no restaurante. Entendeu?" Bem... a Pa e eu na janela, esperando... "Olha lá, mãe... acho que é o carro da tua prima fazendo a volta e indo embora". "É um carro preto, Milta? Não, Miltair, volte, você estava aqui na frente. É aqui mesmo. Volte, volte!!!".
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Cara.... é a descrição mais próxima que consigo dar para o fato: o caos!!!. E olha que a Paola é praticamente vizinha do Lula. Nada de periferia remota!!!
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Só um exemplozinho... pra ilustrar, como é difícil encontrar um local em Brasília. A Paola diz que não conseguia explicar pra nenhum entregador de pizza onde ela mora. Agora, já conseguiu encontrar um carinha que consegue chegar lá. Provavelmente, não vai mais mudar de pizzaria.
Inacreditável!!!
Bem... tenho que falar daquela terra vermelha. Dizem que quem nasce no Norte do Paraná é "pé vermelho". Pois aquele que nasce em Brasília é "vermelho de corpo inteiro"... é "vermelho de cabeça, tronco e membros!". A terra suja tudo, como no nosso Norte. Deixa tudo encardido, feio... pintado com urucum.
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Na verdade, a sensação de sertão, de falta de civilização, de descuido, de improviso, é tamanha que me fez lembrar os tempos em que meu pai era pioneiro em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, em meados dos anos 50. Êita, sertãozão brabo!!!
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Ainda tem algo em Brasília que perturba bastante: não há contato da população em geral com o imenso "Lago Paranoá"... Eu, curitiboca, já imagino um lago com um parquezão público em volta. Em Brasília, não... o "Parque da Cidade", o "Sarah Kubitchek" (e qual havera de ser o seu nome?)" fica do lado oposto ao lago em relação ao avião.
Ao longo do Paranoá, estivemos num lugar chamado "Pontão Sul", eu acho, mas... me deu a sensação de particular, com guarita e tudo e com muitos restaurantes caríssimos lá dentro. Então, a população rica da cidade passeia livremente com seus jetskies e lanchas pelo lago enquanto os menos favorecidos aproveitam o espacinho que sobra embaixo das cabeceiras de pontes pra pescar.
Não é justo... Não é justo, especialmente, se considerarmos que o brasiliense é absolutamente fissurado por água.
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No dia seguinte à minha chegada fomos visitar o "avião" do "Plano Piloto". Estava ansiosa...
Saímos da L-4... longa curva à direita... o "Bosque dos Constituintes" à esquerda (será que cada constituinte plantou uma arvorezinha daquela?), sentido oeste e logo alí... a "Praça dos Três Poderes", à esquerda, com o "Congresso Nacional", no meio do canteiro, o "Palácio do Planalto", do nosso lado da rua, e o "STF", lá do outro lado. Adiante, a "Esplanada dos Ministérios", com aquele jardinzão no meio... Muito bonito!!!
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Muito legal, aquela sensação de amplidão com os prédios administrativos de diferentes autarquias, ao longe... tudo soltinho, cada um com sua arquitetura bem valorizada, nada apertado... aquela sensação de planalto, mesmo, tudo bem alto... Muito legal... Adorei!!! A sequência dos Edifícios dos Ministérios dá uma perspectiva bem interessante!
Estamos no corpo do "avião"... o coração da cidade!!! Passamos por todos os prédios mais conhecidos... o Edifício do Itamaraty, a Catedral, o museu, a Biblioteca Nacional, do outro lado da rua... o Ministério da Justiça, o Teatro (só?? será??)... do nosso lado da rua, até chegarmos ao "Eixão", como eles dizem.
"Aquele prédio, lá no comecinho, do outro lado, eu não me lembro o que é... mas é muito bonito, Pa... eu quero visitar, um outro dia (são dois sólidos invertidos meio que em forma de cunha, semi encaixados)". Vi o edifício de várias autarquias ao longe: "Mas cadê o prédio do "Banco Central"?, este eu também quero ver...
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Passamos por baixo do "Eixão" e lá na frente fomos dar no "Memorial JK", à esquerda.
Este cara, o JK, ele era o que há de egocêntrico, mesmo. Como é que vai me inventar de construir a capital de um país no meio do nada? Tô sabendo... existiam leis anteriores a ele determinando a mudança da capital. Aliás, o assunto já era tratado desde a Constituição de 1891, por influência de Marechal Floriano, outra figura polêmica de nossa história - diz-se que Floriano era homem de confiança de D.Pedro II quando ajudou na Proclamação a República e ainda, que, tendo sido vice de Deodoro, obrigou-o a renunciar para ascender ao seu cargo - .
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Enfim... ninguém, antes, tinha tido a coragem (ou seria... a insanidade???) de enfrentar o desafio da mudança da capital (assim, como, certamente, ninguém, depois, teria tido).
E ninguém havia determinado, tampouco, que se realizasse tamanho empreendimento tão às pressas: localizar, fazer concurso, projetar, administrar concorrências públicas, comprar áreas e materiais, contratar pessoal, construir e, "of course", inaugurar tudo dentro do prazo de um mandato presidencial. Uma capital!!! Federal!!! Faz idéia do tamanho do feito!!! Quando penso sério no assunto, acho que tem algum erro aí: ninguém fez isso!!! Quem seria "nuts" a este ponto? Que povo iria deixar que isso acontecesse?
Pensemos bem... não é, simplesmente, fazer o projeto de uma cidade, montar toda a sua infra-estrutura, construir um edifício administrativo ou outro, tudo isso, dentro de prazos razoáveis e daí deixar que as pessoas venham chegando, adquirindo seus lotes, construindo suas casas, e aumentando, paulatinamente a cidade. Não!!! É construir tudo e já. Cada edifício administrativo, cada moradia e cada edificação de apoio foi construída pra poder mudar todo um "stuff" imenso de uma cidade pra outra... assim, instantaneamente, dentro de um prazo de quatro anos. É mágica!!! Sem dúvida, há que se glorificar tamanho poder!!! Inacreditável o poder de realização. Feito heróico!!!
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Se bem que... pra ser herói, tem que saber de que ponto de vista se analisa o fato, não é mesmo? O herói de quem analisa de cá... pode ser o carrasco de quem analisa de lá, não é mesmo?
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Mas, hoje eu estou muito difícil, mesmo... Eu considero o JK extremamente inteligente, extremamente culto e extremamente perseverante (todas características muito positivas). Verdade que também o considero um pouco demais de egocêntrico (uma característica bem pouco negativa).
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Depois, até hoje, 49 anos depois da inauguração de Brasília, completados no dia 21 de abril passado, quando eu lá me encontrava, sofremos as consequências da mudança da capital, especialmente, de a mudança da capital ter sido feita tão às pressas como o foi.
Nem vou comentar o fato de circular na imprensa que parlamentares, ainda hoje recebem passagens aéreas mensais para visitar o Rio de Janeiro (a antiga capital da República). Não vou... já o fiz. É... e não deveria ter feito... vai parecer que esta é uma consequência das importantes, e sinceramente, esta é das menos.
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Não conheço o projeto original do Lúcio Costa para Brasília, mas vi um seu rabisco para a definição da Capital em algum museu que visitei, talvez, o "Memorial JK" (certamente, o marco de Brasília mais bem conservado). A idéia do projeto nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar, promovendo o encontro de dois eixos (o corpo e as asas do avião). Um conceito simples e universal. (Não que eu goste desta idéia, pois acredito que ao se expandir, a cidade encontrará problemas. Particularmente, acredito mais na idéia de uma cidade projetada em quadrados concêntricos, eu acho, lembrando o plano "Agache" pra Curitiba - que tinha a idéia de círculos concêntricos - contrapondo-se ao que foi posteriormente adotado, em nossa cidade, quando do plano "Wilheim" - que adota, sem ineditismo, a idéia da cruz -).
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Diz-se que o projeto de Lúcio Costa era o menos detalhado de todos os que participaram do concurso, mas que seu "memorial descritivo" era poderoso. Gosto da idéia de se dar importância à palavra.
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Depois, pelo que andei estudando, temos muito a agradecer que tenha sido o projeto de Lúcio Costa o vencedor do concurso para a construção da nova capital pois os demais foram considerados muito visionários. Imagine!!! O projeto de "Rino Levi", por exemplo, previa a construção de superblocos com 300 metros de altura.
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Se as distâncias horizontais do projeto de "Lucio Costa" são estratosféricas, as distâncias verticais de "Rino Levi" eram astronômicas!
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Mas... são "tudo louco", esses arquitetos, mesmo!!!
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Sossegue, (Vera), a tua "racinha" parece ser ainda muito menos maluca do que outras, por aí!!!
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Niemeyer foi convidado por Juscelino para ajudar na construção de Brasília porque já havia trabalhado com ele em Belo Horizonte, então... não dá pra não lembrar da Pampulha. Na verdade, da "Igreja da Pampulha", já que o restante do conjunto não é, realmente, tão significativo (eu, pelo menos, não gosto de nada do resto).
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Não quero falar que a Igreja é importante porque assinala o marco de quando Niemeyer, através de sua arquitetura, rompe as linhas retas que até então predominavam, fazendo, enfim, uso de uma das características mais fundamentais do concreto armado: a sua plasticidade. Não.
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O que eu quero falar é que a igreja é inacreditavelmente pequena. Você vai chegando perto, contornando o lago e logo adiante, você vê a "Igreja da Pampulha". Mas... se choca pelo tamanho. Ela é extremamente pequena... Gente: a Igreja da Pampulha é muuuuuuuuito pequena!!!. Parece que eu estava vendo uma sua maquete, pra se ter uma noção de como eu imaginava maior a edificação... Bem estranho.
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Voltado à realidade:
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Entrando no "Eixo Monumental", pela L-4, como eu fiz, de cara, no sentido leste-oeste, pela cabeça do avião, então... alí, logo alí, bem na pontinha de cima do corpo do avião está a "Praça dos Três Poderes", sede de toda a administração do país. Confesso que parece que me faltou um pouco de perspectiva, de elemento surpresa, de expectativa, e (por mais incrível que possa parecer) de caminho a percorrer, antes de chegar no elemento principal. É como se eu estivesse entrando na Igreja pelos fundos... dava de cara no altar.
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Tudo bem... descobri, na sequência, que entrei pela porta dos fundos, mesmo.
O certo teria sido chegar no aeroporto, entrar pelo "Eixão", percorrer todo um longo caminho até o "Eixo Monumental", entrar nele à direita e aí, sim, eu teria tido uma visão "de cartão postal" de Brasília, de cara... (claro que também fiz isso, depois... muitas vezes eu fiz este percurso, depois...). Muito lindo!!! Muito lindo!!! Adorei...
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Só não entendi aquele guardinha sentado embaixo da taça do plenário da Câmara dos Deputados, aquela que fica voltada pra cima, protegendo-se do sol: "Mas será que ninguém contou pra esse carinha que é ridículo ele ficar ali? Como é que eu vou tirar a minha foto "de cartão postal?".
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Mas... o guardinha era persistente... Muitas vêzes, como disse, fiz o percurso descrito e o guardinha estava sempre lá, impávido colosso, sentadinho. Houve, até, uma vez em que um companheiro dele estava lá, pra baterem papo, afinal, o trabalho devia ser muito estafante...
E eu?? Eu não conseguia tirar a minha foto "de cartão postal".
Acho que vou falar com esse cara... onde é que já se viu? Até analisei como chegar até lá onde ele estava, tamanha a indignação, mas... não dava: a laje que apoia as taças do Congresso Nacional chega até a avenida através das vigas de sustentação... mas, o acesso a elas é impedido por meio de uns cavaletes enjambrados de madeira (que coisa!!!).
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Mas... que coisa!!! Não dá pra chegar até o guardinha!!!
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Resultado: não consegui tirar minha foto "de cartão postal" de Brasília. Aquele idiota!!!
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Quase tudo o que você imagina, em termos de edificações administrativas, no Eixo Monumental, acontece antes de se chegar ao "Eixão", vindo da L-4. Depois de cruzar o "Eixão", passa-se somente pela "Torre de Televisão". É... tem um estádio, eu acho, edificações de apoio, só... e lá longe, longe de tudo, depois de muito espaço introdutório, que não é nada, está... o "Memorial JK". "É... eu mereço!!! Eu mereço". (não, não sou eu quem mereço, quem deve ter pensado isso, é o Juscelino... ou alguém duvida que ele tenha deixado reservado um pedacinho da cidade só pra si?).
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Não visitamos nenhum edifício por dentro, naquele primeiro dia. Tínhamos algumas coisas pra resolver. Mas a primeira sensação, além da bela implantação dos edifícios, foi uma sensação de abandono, de falta de cuidado, de desleixo, mesmo!!!
Deve ser impressão, tentava me convencer eu, mesmo não conseguindo tirar da mente a visão perturbadora daqueles carinhas (muuuuitos carinhas) pintando os meio-fios da cidade com cal, como quem joga a massa na parede pra fazer rebôco. É... não sei se todo mundo vai entender o que estou querendo dizer. Eu quero dizer que eles jogavam a tinta no meio fio como quem está tentando limpar a broxa. Não... não sei se me expliquei, ainda... Enfim... parece que a intenção dos carinhas era pintar o meio fio (não faço idéia de o porquê), mas eles acabavam por lambuzar tudo, em volta. Tudo!!!: a calçada, o asfalto e até os carros que estavam estacionados perto ficavam respingados de tinta. Credo!!! Mas que nojeira!!!
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E no dia seguinte, e no outro também... lá estava aquele batalhão de "profissionais da lambança".
Mais à noite fomos fazer um lanche em uma panificadora de uma super-quadra (as quadras habitacionais).
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É assim: dos "Eixinhos" (que formam o centro das asas do avião, juntamente com o "Eixão"), tem-se acesso às super-quadras habitacionais.
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Só pra ilustrar... não se tem acesso às super-quadras diretamente do "Eixão". O "Eixão" é pra circular, atravessar... não pra entrar. Tanto "Eixinhos" como "Eixão", têm mãos nos dois sentidos. Então, se você estiver no "Eixão" (não importa qual o sentido) e quiser entrar numa super-quadra, você tem que sair a direita, entrar no "Eixinho" que vai para o sentido contrário que você estava indo, fazer a tesourinha, como eles dizem, (e que significa, pegar aqueles contornos mirabolantes em forma de cabo de tesoura) e aí, sim, pegar o "Eixinho" que vai na mesma direção que você estava percorrendo quando estava no "Eixão" para poder ter acesso a uma super-quadra.
Parece complicado, explicando, mas, na prática, é muito inteligente e simples.
Pra sair de um "Eixinho" e pegar o "Eixão" tem que fazer a mesma coisa.
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O acesso às quadras habitacionais também pode ser feito por fora dos eixos, pela L-2 ou pela W-3. Estes acessos de um lado e de outro, no entanto, não se cruzam diretamente com aqueles que saem dos eixos. Pra dificultar a circulação, eles são desencontrados. Sómente está por ali quem que ir àquela super-quadra específica. Não se circula dentro das super-quadras, o que é bem legal.
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Saindo de um dos "Eixinhos" ou de uma das avenidas paralelas a eles, antes de chegar nas áreas residenciais, propriamente ditas, passa-se por um centrinho comercial. É muito bem bolado este esquema. É só uma quadra com lojinhas de um lado e do outro pela qual você é obrigado a passar antes de adentrar uma super-quadra.
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Em tese, você chegando em casa, já pára na panificadora e compra o seu pãozinho. Tenho certeza que foi isso que o Lúcio Costa imaginou mas, é pena que não esteja sendo usado desta maneira: cada centrinho comercial tem um determinado tipo de mercadoria, então, tem o centrinho comercial das farmácias, o centrinho comercial dos "materiais elétricos", assim... tudo especializado. Não pode ter sido esta a intenção inicial.
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Depois... os centrinhos comerciais, parecem ser todos muito decadentes (é... eu vi um que estava bem arrumadinho... só um). A maioria destes centrinhos dá uma impressão de abandono, de coisa velha, que dá dó. Além de tudo... foi o meu primeiro contato, em Brasília, com calçada. E elas são horríveis... o que há de horríveis. Parece que foi tudo feito muito às pressas (e não foi?): um concretão alisado, assim... jogado de qualquer jeito.
Não pude deixar de me lembrar das calçadas de Maringá, cidade também planejada, onde as calçadas, maravilhosas, são feitas de ladrilho hidráulico. Lindas!!! Depois, estes centrinhos comerciais são meio que em desnível e... as calçadas têm... acredite se quiser... degraus.!!! Degraus nas calçadas é a coisa mais comum nos centrinhos comerciais de Brasília. Mas não se faz uso, aqui, dos mínimos critérios de acessibilidade? Onde é que já se viu!!!'
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Bem... saindo dos centrinhos comerciais, adentra-se às super-quadras. É o que há de mais legal em Brasília. Adorei as super-quadras. Deve ser muuuuuito legal morar ali. O que chama a atenção, de cara, é a quantidade de verde. Muuuuuita vegetação. Um frescor, uma delícia!!! Ahhhh... O Burle Marx!!!
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Não sei porque eu tinha a idéia de que as super-quadras tivessem todo o piso revestido de concreto (será que eu não sei, mesmo, o porquê?). Nada disso. Absolutamente, nada disso.
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Depois é assim, como já expliquei, não tem tráfego de veículos. O acesso aos edifícios dentro das super-quadras é feito através de uma ruazinha que vai serpenteando, serpenteando até chegar, num beco sem saída, ao último prédio... então, não há tráfego. Cada uma das super-quadras tem um caminho que serpenteia de maneira diferente. Muito bom!!!
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E... não há muros separando um prédio do outro. Tudo é livre, aberto e, como os prédios são sobre pilotis, a circulação de pedestres é livre por entre e também por baixo deles.
Há boas áreas de recreação e o edifícios estão todos bem conservados e são muito limpos.
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Muito legal a implantação das super-quadras e o seu paisagismo. Os edifícios, já, são um capítulo a parte...
Todos os edifícios habitacionais das super-quadras de Brasília obedecem aqueles conceitos básicos da arquitetura moderna, onde "menos é mais" (conforme dizia "Mies Van der Rohe") e "forma é função" (como pregava "Louis Sullivan"), rejeitando qualquer possibilidade de ornamento. Os prédios também obedecem pelo menos dois dos cinco critérios básicos para a arquitetura moderna de "Le Corbusier": são todos sobre pilotis e todos têm suas janelas em fita. Os demais critérios corbusianos (estrutura independente, planta livre e terraço jardim) eu não sei se foram seguidos pois não adentrei aos prédios.
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Os pilotis são algo que nos intriga. Sem dúvida, passeando a pé por entre os prédios não se deixa de valorizar a integração que a transparência proporcionada pelos pilotis nos oferece. Você encherga longe por através dos prédios. Mas, considero difícil de aceitar, mesmo, tanta área ociosa. A área do térreo dos prédios não pode ser ocupada, por lei, com nada (garagem, salão de festas, nada). É um espaço bonito (há que se dizer), mas muuuuito ocioso. É uma área enorme só pra se olhar através (e pra manter as faxineiras dos edifícios ocupadas).
Todos os prédios de cada super-quadra têm o mesmo volume: mesma largura, mesmo comprimento e mesma altura - dentro das quadras que começam com os números 1 e 2 todos os edifícios têm 6 pavimentos e dentro das quadras que começam com os números 3 (eu acho) e 4 todos os edifícios têm 4 pavimentos. São paralelepípedos absolutamente do mesmo tamanho.
Dá a impressão, então, pela sobriedade e semelhança, de estarmos em uma cidade da antiga "Cortina de Ferro". É uma arquitetura socialista... que é ainda ressaltada, se levarmos em conta que passeia-se livremente por baixo dos prédios, anulando-se o conceito de propriedade.
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Não chega a ser feio, o resultado... Não, não é. Mas é tudo igual. Não, mentira, varia, um pouco... (o formato dos pilotis, o desenho das janelas, os revestimentos... esses detalhamentos variam de um prédio para outro... não muito mais). E isso é cansativo. É muito repetitivo...
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Também... quem teria tempo de projetar aquele monte de prédios da noite para o dia?: tudo igual.
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Não entrei em nenhum apartamento de super-quadra, mas, acredito, internamente, originalmente, ao menos, as diferenciações não devem ser muitas.
Claro, certamente, muitas "madames" já mudaram as suas moradias por dentro pois sempre encontram uma solução que é melhor que a do arquiteto (afinal, elas sempre são "meio arquitetas", também). Depois... elas não podem morar em um apartamento igual ao da sua vizinha, afinal, elas são tão diferentes!!! (mas... adoram copiar as soluções encontradas por suas semelhantes, ou ainda, adoram adotar aquelas soluções pré-fabricadas, avidamente procuradas, de revistas). Cara, desculpe!!!... tô muuuuito amarga, hoje!.
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Bem... a frieza, a rigidez, a dureza dos edifícios é quebrada pela flexibilidade, espontaneidade e beleza de sua implantação. E depois, como é tudo muito grande, a unidade do edifício passa a ser pequena e o resultado final, como um todo, é muito bom!!!
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Acredito, mesmo, até que se se houvesse dado muita liberdade para a criação dos edifícios, talvez o resultado fosse caótico, já que se perderia a noção de organização que eles impõem...
Lá pelos lados da W-3, existem moradias térreas. Ali a implantação é interessante, também, (foi o local onde eu mais me senti em uma aula de "PUR"): as casas têm acesso pela frente e os fundos de todas elas dão pra um jardim comum de recreação, então, é assim: uma rua onde passam carros, quadras de casas com a extensão de um só terreno, o jardim comum de recreação, novas quadras de casas com a extensão de um só terreno e uma outra rua onde passam carros.
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É interessante, mas os terrenos são todos, muito estreitos, talvez uns seis metros e as calçadas são também indecentes, como em qualquer lugar em Brasília (e eu que reclamava das calçadas de Curitiba... nunca mais!). Além de tudo, as casas são populares, então... estão mal conservadas, foram todas alteradas e os jardins comuns de recreação estão completamente abandonados.
Uma pena... mato puro!!!
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Ah, as cruéis diferenças entre a realidade e a prancheta!!!
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... ...
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Então... outro dia fomos, a Paola e eu, conhecer os edifícios institucionais de Brasília por dentro.
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"Paola, não esqueça que eu quero visitar aquele prédio das duas cunhas... Ele é lindo!!!".
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Começamos pela "Biblioteca Nacional". Fomos entrando e logo recebidas por uma moça que nos guiou o tempo todo, tipo, visita acompanhada individualizada. Quanta deferência!!!
O prédio é legal... arquitetura despojada.
Mas... incrível o desleixo: no banheiro uma garrafinha pet de coca-cola com a tampa furada fazia as vêzes de saboneteira. Dentro do lavatório, restos de macarrão. Arrrgh! Disgusting!!!
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Além de tudo, fomos ficando inquietas: sala de recreação para as crianças (só com a "babysitter" lá dentro); sala de estudos com mesas individualizadas - tipo... traga seu livro e venha estudar aqui - (é... havia, ali, dois carinhas estudando); painéis ilustrativos ultra-modernos - que se mexiam explicando não me lembro o quê - (ninguém olhando os painéis); poltronas de estudos multimídia - que mais pareciam poltronas de relaxamento, mas que a moça não poderia fazer uma demonstração de como funcionavam porque as poltronas estavam quebradas - (claro, ninguém ali); salas de computadores - onde não se é permitido entrar no "msn" e nem no "orkut", explica ela - bem entendido: não é uma "lanhouse" - (vazias)...
"Mas... e o acêrvo?"
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A moça desconversava: "bem... a biblioteca foi recém inaugurada..." (há mais de um ano não é recém, pra mim). Papo e despapo... Enrolação e desenrolação... Bem... já estamos chegando ao final da "Biblioteca Nacional"... Inquietação!!!:
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"Mas... e uma prateleirinha com livros??? Cadê o acêrvo?".
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- "Bem..." desembucha, ela, finalmente: "estamos vendo se conseguimos trazer o acêrvo da "Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro". - "O quê?" - "É... esta biblioteca foi construída para abrigar o acêrvo que se encontra na antiga capital. Só que o Rio de Janeiro não está querendo liberar os livros, os documentos.". - "Hã!?!?". - "Pois é... parece que o prédio não é adequado pra receber aqueles documentos antigos... muito sol, pouca proteção... e tal e tal!!!" Desconversa, enrolação... "Sei, sei... entendi, entendi:
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Uma biblioteca, a Nacional, a da nossa Capital Federal... sem livros!!!".
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Ah... entendi. (entendi?!?!).
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Saímos do edifício mudas, cabisbaixas... incrédulas!!! Foi a Paola quem abriu a boca:
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"Sabe da "Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro", né, mãe... aquele edifício maravilhoso ao lado do "Teatro Municipal" e em frente ao "Amarelinho", né, mãe... aquela que foi inaugurada por D. João VI pra abrigar os livros e os documentos que ele tinha trazido de Portugal em 1808, né, mãe??? É deste acêrvo que ela estava falando."
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É... Danou-se... - "Não quero falar sobre este assunto!".
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Caminhávamos mecânicamente, sugadas pelo edifício do "Museu", à nossa frente... E eu, cá comigo, analisando o prédio: "É bonita aquela serpentina que sai do iglú... aquela rampa... mas, parece que ela vai e volta. É... ela vai e volta. Não... não é uma rampa de acesso como aquelas que o Niemeyer gosta de fazer (... e que não são pra meros mortais)... Pra quê que serve, então???... Ah... já sei: você está numa determinada parte do museu, e, enquanto vai pra outra parte dele, toma um arzinho lá fora. É... (imagina!!! Claro que não...) não é pra isso. Ela é só bonita, mesmo".
E eu... andando e voando: "Num período de tamanha rigidez, como o do modernismo, só sendo um gênio como o "Niemeyer", mesmo, pra fazer o que ele fez. Autêntico!!! Enquanto uns mantinham-se fiéis ao "forma é função", ele saia esculpindo por aí: "a forma pela forma"... Que função que nada!!!
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Diga-se de passagem, o que o Niemeyer mais fez neste mundo foi deixar a "escultura" pra fora e "enterrar" a função. Afinal... do ponto de vista dele, a função só atrapalha!!!
É sempre notável, na arquitetura de Niemeyer, a sua sensibilidade estrutural. Aliás, esta sensibilidade é indispensável pra que a sua arquitetura alcance aquelas formas inusitadas, belas e surpreendentes. A estrutura criada por Niemeyer é, sempre, uma bela escultura. Então, pra Niemeyer... arquitetura é escultura!!! E ponto.
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Na verdade, o que sempre mais gostei, no Niemeyer, foi o seu lado "ser humano"... Que grande cara ele é. E eu só quero dizer aqui que o "ser humano" Niemeyer é, ao meu ver, ainda maior que o "arquiteto" Niemeyer.
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Gosto do seu lado simples, desprovido de vaidades, apesar do reconhecimento mundial de sua genialidade. Gosto de seu lado preocupado com os menos favorecidos, de seu envolvimento, de seu engajamento social... Gosto de seu lado teimoso... de ele ter-se mantido "comunista", apesar de tudo e de todos (se bem que as minhas crenças sofreram mudanças ao longo de minha vida).
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Gosto de ele ter-se mantido sempre fiel a si mesmo, tanto na sua vida pessoal como na sua arquitetura.
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E eu... voando ainda mais alto: "Mas... o prédio é recém inaugurado, nada de período lá atrás... É novo!!! Bem... até quando vamos construir "Niemeyer"? Será que é porque Brasília é tombada? Ou porque foi declarada "Patrimônio da Humanidade" pela "Unesco"? Será que é só ele que pode projetar? Mas ele tem cento e um anos. Cento e um!!! E... por mais que eu não queira admitir, depois de quase 50 anos de sua inauguração, ainda falta muito pra Brasília... Brasília ainda é um imenso canteiro de obras!!! Como é que vai ser?".
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O sol estava forte e refletia naquele mar de calmaria... duro e cinzento, do concreto da calçada. O caminho era longo... Castigo!!!... Sou arrancada de meus devaneios: Mas será que não poderiam ter colocado uma arvorezinha só pra amenizar? E a "taxa de permeabilidade, onde é que fica?" (doida!!!).
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Subimos a rampa do "Museu", recém inaugurado. Lá dentro havia... rampas e mais rampas. Lindas, leves e soltas (nem tão soltas assim... as rampas são penduradas no teto. Ué??? Mas, ué!!! Uééééé!!! : "Não, não... Não, não e não... eu não vou desviar...")... Concentre-se. Cara: UÉ?
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As rampas estavam interditadas, então, não dava pra subir no mezanino, sua função, naquele momento, ao menos, era meramente estética.
Dentro do museu o que tem pra ser visto é o museu em si. Bem... tinha uma exposição, lá num canto, de uns estudos para painéis de concreto, algo assim, nada de tão importante.
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Então... eu fui perguntar. Não é possível: quero ver alguma coisa, além do prédio e desses estudinhos. Mas... não há acêrvo. No Museu de Brasília não há acêrvo para ser visto!!! Nem permanente, nem temporário, nem itinerante... Nada!!!
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Não... de novo, não!!! Uma biblioteca sem livros já foi o bastante!!!... Um museu sem obras, não!!!
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Não pude deixar de me lembrar do "Guggenheim" em Nova Iorque. É... havia ido lá mais pra visitar o prédio, mesmo, aquela obra-prima do "Frank Lloyd Wright", mas lembro de ter ficado extasiada com o seu acêrvo... Ai, ai!!!
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Brasil... meu Brasil brasileiro!!! Mas cadê o conteúdo??? Cadê o conteúdo??? Difícil... difícil!!! Bem que eu tento me esforçar... mas, assim, fica difícil.
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Mas... "Olha a "Catedral", logo ali!!!". (e da "Catedral" eu me lembrava... era maravilhosa!!!). "Foco, (Vera), foco!!!"
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- "Vamos a pé, mãe?". - "A pé, de jeito nenhum... Brasília foi projetada pra andar de carro... não a pé e nem, muito menos, de ônibus.".
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Voei:
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"Mas... como é que faz quem não tem carro? Pra quem vem de Curitiba, onde o planejamento urbano gira todo em torno do transporte coletivo, fica difícil imaginar. "Não, não se preocupe, (Vera...), todo mundo tem carro, aqui. E depois, em Brasília não tem congestionamento. Com estas auto-estradas todas, nem que todo mundo saísse de carro na mesma hora, ainda assim iria sobrar espaço nas vias. É mais ou menos como se a cidade de São Paulo ficasse, de repente, do tamanho do estado de São Paulo. Não haveria congestionamento... todo mundo circulando!!! Ainda, pense bem... tem o metrô: a Paola disse, com duas estações, ao visto, aquela onde você pega o trem e aquela onde você desce dele." -"Como assim?!?!... Não entendi... Como assim?!?! Mas como assim?!?!".
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O carro... ficar longe da "equipe da lambança"... estacionar novamente (estacionamento sempre a dar com o pé no eixo monumental de  Brasília). Mais tarde desobri que estacionamento, onde se precisa para parar o carro, simplesmente, não há. Brasília foi projetada para se circular de carro, não pra se estacionar.
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A "Catedral"... ali!!! Ai, ai...
Mas... esquisito... falta clima!!! falta clima de igreja. Ela está ali, com toda aquela imponência de formas, linda, maravilhosa, mas... ela está implantada como um edifício institucional qualquer e, não sei, falta espiritualidade! (é o que dá entregar o projeto de uma Catedral pra um ateu!!! - sem críticas, o prédio é belíssimo!!!)
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Não pude deixar de me lembrar do rigor da implantação das cidades da colonização espanhola: a igreja, a praça na frente e tudo, organizadíssimo, girando em torno dela... (claro, né... outros tempos... a Igreja era o poder!).
Mas, acredito, já que não é pela sua importancia política ou espiritual, deveria ter sido dada importancia maior, ao menos, ao valor plástico do edifício.
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Há até um espaço aberto em frente à Catedral de Brasília, com os quatro evangelhistas dando passagem, mas... falta espiritualidade, falta... não sei o que falta. Mas falta!!!
É... talvez falte alguma coisa em mim, mesmo!!! (e eu que não vou aqui me confessar, que eu não sou dessas coisas!).
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Tudo bem... Vamos ao que não falta: "Tem uma rampa, ali, Pa.". Chato... não faltam mendigos ao longo da rampa... três. Ainda não tinha visto pedintes em Brasília, mas... segui em frente e eu vi, olhando pra baixo, de longe, ainda de fora da Catedral, os bancos de igreja. Não era assim. Lembro perfeitamente bem que quando visitei a "Catedral" da outra vez... eram tôcos de madeira espalhados aleatoriamente que faziam as vêzes de banquinhos. Perdeu!!!
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"Eram lindos os banquinhos que existiam na Catedral de Brasília, Pa. Você precisava ter visto!". "Será que alguém pensou que era por falta de dinheiro que era assim, com tôcos aleatórios de madeira? Acharam pobre?. Bancos tradicionais de igreja... Cara!!!: não acredito!".
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Olhei pra frente... "E aquele altar católico???" Estranhei, a princípio, não sabia, pensava que se tratava de um templo ecumênico. Não... é católico: Igreja Nossa Senhora Aparecida (inclusive, no altar, há uma réplica da imagem da santa, a padroeira do Brasil).
Além disso, há um auto-falante que fica, com som metálico, distorcido, o tempo todo, cutucando nossos ouvidos com uma reza métrica católica. É perturbador...
O que existe, à esquerda da entrada da Catedral, é difícil descrever: uma imitação de pietá, segundo o que está escrito, feita de resina e pó de mármore. É uma pietá... mas, é uma imitação. Pra mim, uma imitação de plático! Uma imitação de uma obra de Michelângelo... um italiano. Um italiano renascentista. Que coisa!!! Não tem nada de original, nosso, e atual pra colocar ali? - "Mas que coisa!!! Onde estamos mesmo? Em que época?Tô perdida!!! Tô perdida no tempo e no espaço. Mas que nada a ver!!!".
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Na verdade, na verdade, ali, não precisava de nada. Ficava muito melhor se fosse espaço vazio. Ai, que falta que o nada me faz!
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Mas... ao lado da pietá há um banner (pra ficar pasmo!!!)... um banner enorme com um desenho imitando o "santo sudário" (deve ter sido presente de alguma gráfica, sei lá). E assim... meio que jogada no chão, por trás da pietá e do santo sudário, há uma cruz (parecia que o "pagador de promessas" - o do filme - tinha passado por ali e, cansado, tinha largado a cruz ali, de qualquer jeito, mesmo). 
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Total falta de respeito! De ficar enjoada!!!
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Essa reza... Não aguento!!! "Vou disfarçar e... tapar os ouvidos... e... não vou olhar pra baixo, nem pra frente, nem pra esquerda e... nem quero saber o que tem lá na direita. Vou olhar pra cima!!!":
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"Ah... esses vitrais são divinos!!! Não existiam, ainda, quando estive aqui da outra vez. Mas... são deslumbrantes. Esta combinação de cores é tudo de que eu mais gosto!!! Pena... pena existirem tantas peças quebradas... muitas e muitas, fica até difícil tirar fotografia.".
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"E o concreto... não é mais cor de concreto: está pintado de branco (meio que... mal pintado, por sinal) - me fez lembrar a equipe da "lambança". Vamos falar, né... (decolei!!): "Perdeu a força do concreto armado. Esta é, certamente, uma das estruturas mais lindas de concreto armado que já se projetou. Uma aula de esforços. É... entendo... sempre imaginei que aqueles concretos aparentes que a gente projetava no tempo da escola não ficariam incólumes pra sempre. Mas... o branquinho ficou muito frágil! Qualquer cor ficaria... qualquer cor daria sensação de alvenaria. Será que... se lavasse o concreto?... Jateasse?... É... sei lá... último recurso... pintasse mesmo, mas da cor de concreto?"
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"Chega, (Vera). Chega!!! Continue olhando pra cima, mas... desfoque o olhar!!!":
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"Esses anjos flutuando sobre nossas cabeças... é... parece ser possível, pra mim, também, levitar. Isso é lindo!!!"
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"Um tanto que quanto que muito descuidado, mas... seria lindo, caso estivesse inteiro...". (descambo eu, quando o olhar, desobedientemente, refoca)...
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"LINDO!!!" ( quando o olhar desfoca)...
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"Ah, se meu olhar me obedecesse!!!... ficaria horas aqui, olhando pra cima!!!
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"Ai, que lindo... que liiiindo!!!"...
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"Vamos, mãe... Dá tempo de ver outras coisas!".
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"Mas... Bem agora que eu estava começando a entrar no clima?!?!"... Cruel realidade!
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... ...
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Os jardins em frente à "Esplanada dos Ministérios" estavam sendo preparados para a grande festa de aniversário da cidade que aconteceria dali a dois dias. Haviam muitas barraquinhas brancas sendo montadas. Então... eu tinha achado muito natural, até então, aquele toldo branco em frente (e depois eu percebi, na lateral, também) ao edifício do "Itamaraty":
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"Pena, né, Pa... não vai dar pra tirarmos fotografia, assim".
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Foi então que soubemos... são toldos permanentes. Foram colocados ali para que as autoridades não se molhassem caso chovesse, no caminho do carro até o edifício, ainda no tempo dos militares.
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Sério... não dá pra acreditar, mas é verdade. Dói.
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Caso o toldo não fosse de lona branca, e sim de lona preta, eu diria que estava instalado um acampamento de "sem terras" em frente ao "Palácio do Itamaraty".
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Isso é uma vergonha!!! - Como diria, quem mesmo?... ah é: o Boris Casoy (o chato) - . Surtei: "Não quero mais ver esse prédio feio!.".
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Vamos conhecer o "Congresso Nacional".
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Fomos andando... o "Congresso" é bem em fente ao "Palácio (ou seria o (a) "barraco (a)" do Itamaraty"). Andando lentamente... e observando aquele céu que é um espetáculo a parte.
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O céu de Brasília é diferente de tudo que já se viu: ele é em 3D. Estranho, né... Claro que todos os céus são em 3 dimensões. Mas só se percebe que se pode perceber o volume do céu, quando se está em Brasília. Não dá pra entender, mas o céu de lá é sempre, a qualquer hora do dia ou da noite, maravilhoso, com aquelas nuvens cheias de profundidades. E isto é bem conhecido, por lá (e, dizem, por cá, também).
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Fomos descendo a rampa (mais uma rampa!!! - ah... o Niemeyer)... Os espelhos d'água (típico)... eles ficam feios quando vistos de perto... uma sujeirinha gosmenta (e a dengue???).
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O prédio horizontal com as duas torres verticais e os dois pratos: um voltado pra cima e outro voltado pra baixo. O conjunto é lindo!!!
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O prato da esquerda, o que fica do lado do "Senado Federal", está como que incorporado na laje, pesado. O da direita, o que fica do lado da "Câmara dos Deputados" é leve, solto...
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O conjunto poderia lembrar uma balança desequilibrada, mas... o equilíbrio é absoluto e parece ter sido encontrado quando aproximou-se as torres verticais do prato menor, mas tanto (elas estão a cerca de 1/3 do prédio horizontal) que conseguiu-se que estes dois elementos (o prato da esquerda e as torres) formassem um só conjunto... que contrapõe com o prato da direita, muito maior.
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Então... até podemos ter uma balança descentrada (afinal, temos um elemento vertical, um horizontal e dois pratos não equidistantes da torre). Mas é uma balança perfeitamente equilibrada, em repouso.
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Só um gênio pra conseguir fazer o prato menor equilibrar-se com o prato maior, sendo os dois do mesmo material - especialmente se levarmos em conta que é o prato maior que está mais distante do eixo (é... eu me lembro de minhas aulas de "momento fletor"... fui aquela aluna do tipo "cdf". ).
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Enfim... o conjunto todo é muito harmonioso!
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Dentro do prédio... complicou!!! Não conseguia ficar lá dentro. Sou claustrofóbica!!! Sofria!!!
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Bem... é aquela coisa de ser tudo enterrado, sem ventilação, sem ar puro, sem olhar pra fora... e ainda por cima com aquele capetzão (que parecia ser do tempo da inauguração da cidade!!!)... Não dá...
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O cheiro, a umidade (em Brasília!!! - acredite se quiser), os espirros... aquele espaço insalubre. Não, não dá... não dá!!! Um adepto do "Feng-shui" entraria em pânico!!!
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Bom lembrar que nos foi explicado: o enorme saguão de acesso aos plenários havia sido reformado, à época do parlamentarismo... originalmente, possuia uma bela vista para a "Praça dos Três Poderes".
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E eu??? Eu mal conseguia prestar atenção... Palpitação, tremedeira, suor frio, falta de ar... angústia!!! Uma janelinha!!! Uma janelinha, por favor!!!
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Ai que agonia!!! Quero sair daqui!!! Quero sair daqui!!! Onde será que é a saída???
Só um comentariozinho rápido porque... estou passando mal: Os plenários são, ambos, horrorosos. E depois, os plenários não têm nada a ver com os pratos lá encima... (os pratos têm só função plástica, mesmo, como era de se esperar).
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Chega!!! Saí!!! Tô fora... UUUfa!!!
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Bem... A "Praça dos Três Poderes": concreto... calçadas de concreto bruto... É... e mais umas esculturinhas lá pelo cantos (maldade... de novo!!!).
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Claro... o "Palácio do Planalto" (que está fechado, o Lula está despachando de algum outro lugar), na frente do Edifício do "STF". Nunca tinha reparado que os dois edifícios têm a mesma solução arquitetônica (somente os pilares num são transversais à rua, no outro, são longitudinais). Mas é a mesma solução de pilares.
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Atravessando a Praça chegamos ao esperado prédio das duas cunhas, que eu tanto queria visitar, desde o primeiro dia. Trata-se do "Panteon da Liberdade". Mas... o edifício estava em reformas, portanto, fechado à visitação:
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- "Ainda bem, né... mãe!!!"...
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Troca de olhares... (risinho cínico!!!) ?!?!?!...
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- "Sem graça!!!".
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... ...
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Brasília é isso...
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Há dois edifícios governamentais muito bem conservados em Brasília: o "Memorial JK" e o "Palácio Alvorada". O primeiro, a gente explora exaustivamente, pra se convencer da importância do cara, e o segundo, (bem... já se conhece a importância do cara) a gente vê só de longe, mas dá pra perceber o cuidado. Está lindo!!!
O "Palácio Alvorada" está lindo... Foi totalmente repaginado mas conserva, intactas, todas as suas características de arquitetura moderna. Pelo menos externamente!
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É lamentável o abandono de todo o resto da cidade.
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Brasília é uma senhora cinquentona, em franco declínio, totalmente largada, cheia de pendurucalhos, plásticas mal sucedidas e necessitando, urgentemente, de um restauro sério. (não... aqui, não estou fazendo um paralelo comigo, não).
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Enfim... Brasília tem valor... é um "patrimônio da humanidade"... deveria estar sendo respeitada como tal.
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A cidade, realmente, ainda tem muitos espaços vazios, até mesmo dentro do eixo monumental, mas... não considero válido continuarmos a construir esta arquitetura moderna. Somente é válida aquela arquitetura que está lá, construída no tempo certo. Se não deu pra construir tudo lá atrás... e agora outra arquitetura interferiria, vamos parar.
E depois... Vamos ter que encarar: o Niemeyer não é pra sempre... somente sua obra o será (e sua obra física somente o será se cuidarmos dela).
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Vamos parar... e recuperar o que há pra ser recuperado (tudo!!!).
O restauro do "Palácio Alvorada" prova que é possível fazê-lo...
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E a verba??? Bem... há que valer de alguma coisa Brasília ter sido declarada "Patrimônio da Humanidade" pela "Unesco".
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Enfim... este é apenas um ponto de vista... algo pra se pensar. O que é preciso é, efetivamente, um estudo pra resgatar Brasília.
Ao meu ver, falta alguém que veja a cidade com carinho, com amor... com o respeito que ela merece!!!
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Brasília me parece uma cidade carente... pedindo socorro!!! Ela, que deveria encher nossos olhos e almas de orgulho, a mim, ao menos, em muitos momentos, encheu-me de vergonha.
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É preciso salvar a bela arquitetura eterna da nossa Capital Federal!!!

MEUS PENSAMENTOS...

  • Felicidade é ficar sem ar no museu de Van Gogh e, ainda assim, vibrar com o Clube Atlético Paranaense!

PENSAMENTOS ALHEIOS...

  • "Com o tempo você percebe que pra ser feliz com outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela" - Mário Quintana
  • "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" - Chico Xavier
  • "A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las" - Aristóteles
  • "Há tantos burros mandando em homens de inteligência que às vêzes fico pensando que "Burrice" é uma ciência". - Rui Barbosa
  • "Finge-te de idiota e terás o céu e a terra". - Nelson Rodrigues
  • "Somente o bravo mostra suas fraquezas". - desconhecido
  • "Com o conhecimento nossas dúvidas aumentam". - Goethe
  • "A vida se contrai e se expande proporcionalmente à coragem do indivíduo". - Anais Anin
  • "Uma pessoa permanece jovem na medida em que ainda é capaz de aprender, adquirir novos hábitos e tolerar contradições." - desconhecido
  • "Aquele que aprende mas não pensa está perdido; aquele que pensa mas não aprende está em grande perigo". - Platão
  • "Pessoas normais falam sobre coisas; pessoas inteligentes falam sobre idéias; pessoas mesquinhas falam sobre pessoas". - Platão
  • "O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros". - Confúcio
  • "Felicidade é comer jabuticaba no pé". - Flávio Gikovate
  • "Pra ser feliz com outra pessoa você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela". - Mário Quintana
  • "O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética.O que mais preocupa é o silêncio dos bons!" - Martin Luther King
  • "Nenhuma mente que se abre para uma nova idéia voltará a ter o tamanho original." - Albert Einstein
  • "O amor é como o mercúrio. Deixe a mão aberta e ele permanecerá. Agarre firme e ele escapará." - Dorothy Parker, escritora
  • "Há dois tipos de pessoas: as que fazem as coisas e as que ficam com os louros. Procure ficar no primeiro grupo. Há menos competição lá." Indira Gandhi, estadista
  • Você não pode escolher como vai morrer. Mas pode decidir como vai viver agora." - Joan Baez, cantora
  • "A vida que não passamos em revista, sem reflexão, não vale a pena ser vivida." - Sócrates
  • "O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância. Todo o saber consiste em saber que nada sei." - Sócrates
  • "Pedras no caminho? Guardo todas. Um dia vou construir um castelo...". - Fernando Pessoa
  • "Se um problema é grande demais... não pense nele. Se ele for pequeno demais... pra quê pensar nele? - ditado tibetano
  • "Um dia, mais modestos, os homens vão compreender como tudo é frágil e transitório e juntos, vão construir um caminho melhor." - Oscar Niemeyer